Em 2014, o município chegou a informar que construiria um novo espaço. Apenas o Morada da Paz, que é particular ainda vende terras
Os quatro cemitérios administrados pela prefeitura de Rio Branco não possuem mais lotes de terra para venda há pelo menos cinco anos, conforme informou o coordenador dos espaços, Eládio Meireles. Há vagas apenas no cemitério Morada da Paz, que é particular.
Na capital, a prefeitura administra quatro, dos nove cemitérios oficiais, são eles: Jardim da Saudade, São João Batista, São Francisco e Cruz Milagrosa.
O problema da falta de vagas nos cemitérios da capital não é algo novo. Em 2014, quando Marcus Alexandre ainda estava à frente da administração pública, chegou a anunciar um novo cemitério na capital que funcionaria em um terreno na estrada Transacreana. A obra estava orçada em R$ 18 milhões e deveria ter sido iniciada ainda em 2015.
Na época, a gestão apresentou o projeto gráfico do espaço, que seria um ‘cemitério-jardim’, em que não há a presença de monumentos e a única identificação é um placa de bronze ou outro tipo de material.
Projeto abandonado
O secretário Kellyton Carvalho, da zeladoria municipal, disse que o projeto de construção no novo cemitério foi cancelado por ter um custo alto e, por isso, a gestão não conseguiu os recursos.
“Esse projeto foi feito em 2015, depois foi feita a busca [por recurso] em Brasília, mas houve aquela crise em 2016 e daí para a frente não andou mais nada”, disse.
O secretário disse ainda que a gestão atual não tem intenção de retomar o projeto, mesmo que tenha sido feito pelo prefeito em que Socorro Neri foi vice até assumir a gestão, porque Marcus Alexandre decidiu se candidatar para governo nas últimas eleições.
“Temos os cemitérios onde é feita toda assistência funerária a famílias de baixa renda, que é obrigatoriedade do município, e para quem quiser adquirir é o cemitério particular. Os nossos sepultamentos são realizados a partir de pessoas que já possuem terras nos cemitérios municipais”, acrescentou.
Enterros e Covid-19
Mesmo com o período de pandemia do novo coronavírus e o Acre ter chegado a 18 óbitos em consequência da doença, no boletim desta quarta-feira (29), Meireles diz que não há preocupação neste momento com uma possível falta de jazigos na capital, ele explica que a maioria dos rio-branquenses já possuem terras.
“Aqui em Rio Branco, é difícil a família que não tem terra, mas como somos uma cidade pequena com famílias grandes, praticamente todos têm terra. Todos esses que foram sepultados, todos a família já tinham terra”, explicou.
Além disso, o gestor explica que não existe antecipação de abertura de covas.
Imagens de covas
Durante esta semana, circulou nas redes sociais imagens do cemitério Morada da Paz que mostra novos jazigos sendo construídos associando a imagem com a pandemia de Covid-19.
O coordenador do Morada da Paz, Neyldo Assis, disse que ainda existem lotes disponíveis para venda, mas negou que as covas abertas tenham ligação com a doença.
“Esses jazigos foram feitos no final de 2019, estão em período de construção, e em breve estarão fechados. Não existe qualquer correlação de eles estarem abertos com a pandemia. Até estranhei quando apareceu uma foto do nosso cemitério dizendo que estávamos nos precavendo para a pandemia”, falou.
Assis acrescentou que a obra começou no final do ano passado e agora está na etapa de colocar as lajes e, em seguida, a terra e finaliza com a grama. “Então é todo um processo que a gente segue.”
Além disso, ele reforçou que não houve aumento no fluxo de sepultamentos. E que a prefeitura tem mantido diálogo para que seja garantida a segurança de todos os envolvidos no sepultamento. E que todos os colaboradores utilizam Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
“Quanto a organização, a prefeitura já entrou em contato com todos nós para ver como estamos organizados e se as funerárias estão com toda estrutura exigida por lei operacional. Então, há por parte do município uma preocupação em fazer um bom atendimento para as pessoas e tem feito as fiscalizações e orientações para que a agente obedeça todas a normas para os casos de coronavírus”, concluiu.
Orientações da prefeitura
A prefeitura de Rio Branco publicou, nesta quinta-feira (30), no Diário Oficial (DOE), uma série de recomendações que devem ser adotadas durante os funerais, tanto para Covid-19, como para outras doenças.
A medida tem como objetivo reduzir a probabilidade de contágio. São elas
- Os funerais devem ocorrer com o menor número possível de pessoas e com duração máxima de 8 horas e limite de 10 pessoas na sala do velório;
- Fica proibida a aglomeração de visitantes pelas áreas internas e externas dos espaços destinados aos velórios, além de os presentes terem de seguir as regras de higiene, inclusive com uso de máscaras;
- Recomenda que crianças e pessoas dos grupos mais vulneráveis não participem dos funerais;
- Nos locais de realização do funeral devem ser disponibilizados água, sabonete líquido, papel toalha e álcool gel a 70% para higienização das mãos.
No caso de pessoas mortas pela Covid-19, ou mesmo com suspeita da doença, é proibido a realização de velório. A recomendação é de que o corpo seja transferido pelo serviço funerário do local onde ocorreu o óbito diretamente para o sepultamento.