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Há 3 anos, autônomo no AC se dedica em montar motorhome para viajar com a família

Wilson Soares Júnior, de 54 anos, comprou ônibus e faz adequações para poder pegar a estrada. Até o final do ano ele pretende finalizar o projeto

Amante da estrada, Wilson Soares Júnior, de 54 anos, mais conhecido como Carioca, viu a família crescer e as viagens, antes feitas em duas rodas, precisariam de mais espaço. Natural do Rio de Janeiro, ele mora em Rio Branco há 34 anos e há três tem se dedicado a um sonho: montar o próprio motorhome para viajar com a família.

Com ele, moram a mulher, o filho e um neto. Ele diz que já teve uma kombi e que sempre foi fã de viajar na sua motocicleta, mas, por ser muito família, decidiu compartilhar essa paixão e experiência com quem sempre esteve ao seu lado.

“Quando a situação [econômica] tava boa eu comprei um Ford Ka e quitei ele e depois vendi porque não servia para minhas necessidades, porque não quero um veículo para ficar rodando na cidade. Então, vendi ele e fui correr atrás de um ônibus que comprei e estou fazendo tudo devagarinho, levei para São Paulo, legalizei como motorhome e trouxe pra cá e comecei a construir aqui dentro da minha”, conta.

O sonho cabia perfeitamente na cabeça do Carioca, mas não na sua garagem. Ao adquirir o ônibus que vai ser, como ele prefere chamar, seu barraco de quatro rodas, ele precisou mudar completamente a estrutura da sua casa, quebrando a parte da frente para que o veículo coubesse também no espaço.

“Tive que quebrar a frente da minha casa todinha, rebaixei o chão porque ele era alto e reforcei o chão. Começamos a trabalhar nele, foi devagar, com dificuldade, mas hoje 80% do projeto está pronto. O que a gente tem condições vai fazendo devagar e o resto a gente corre atrás de um profissional”, conta.

Desde que chegou ao Acre, ele trabalha com artesanato e se engana quem pensa que esse projeto do ônibus é o primeiro. Ele já mexeu em vários outros veículos, inclusive, alguns expostos até em feira de agronegócios.

O autônomo diz que segue a filosofia de hippie de liberdade, mas garante que quer criar memória afetiva na família, desde a montagem do motorhome até as futuras viagens.

carioca 002 webAos poucos, veículo foi tomando forma — Fotos: Tácita Muniz/G1

“Eu sou carioca e tem 34 anos que moro aqui e fui criado na rua, por isso preservo muito a filosofia da família porque eu não tive família. Hoje optei pelo ônibus, já que era um sonho viajar - porque tenho muitos amigos aqui e no exterior - e minha ideia é fazer isso com meus filhos. Não tenho muito estudo, mas uma coisa que aprendi na minha vida é que uma vez você adquirindo conhecimento ninguém consegue te roubar ele e você não adquire conhecimento na frente de um computador ou na frente de um celular jogando”, diz.

O neto ele cria como filho. Segundo ele, no dia a dia a regra é sempre estarem juntos. Inclusive, o filho é um parceiro do pai na hora de fazer os ajustes no carro. O autônomo também disse que não contabiliza o quanto gastou na montagem do motorhome.

“Olha, pra mim, sonho é sonho. Quando você quer muito uma coisa, você não se limita, você não controla algumas coisas. Então, eu fiz isso, fui fazendo tudo dentro da minha realidade, mas não parei e nem quero fazer esse tipo de contabilidade.”

Todo o projeto montado por ele, Carioca acredita que até o final do ano consiga terminar tudo e fazer a primeira viagem com a família.

“A nossa filosofia aqui é meio louca: café da manhã junto, janta junto, almoço junto. Quero que seja antes do fim do ano [ficar pronto o ônibus], porque não quero passar esse inverno aqui não. É o rumo das ‘ventas’ mesmo, eu não conheço todo o Brasil, mas grande parte do Brasil, então a gente vai viver um dia por vez”, planeja.

carioca 003 webAutônomo teve que quebrar frente da casa para guarda ônibus — Fotos: Tácita Muniz/G1

O carro já passou por revisão, ganhou bateria novas e agora, por últimos, eles estão mexendo na parte elétrica. No interior do carro, há um banheiro, uma cama de casal, mesa para comer, na traseira há um depósito. Tudo feito por ele, com alguma ajuda profissional, mas, acima de tudo, muito estudo sobre como executar as transformações.

“Vou ter minha casa com roda e viver minha vida, fazer minhas amizades, mas eu não vou pra camping. Por isso, nunca vou ser um motorhomeiro”, pontua.

Questionado se deixaria o Acre de vez, ele diz que não e garante que fincou os pés no estado acreano, que considera como lar.

Onde eu estiver no mundo inteiro, eu moro no bairro Seis Agosto, em Rio Branco, no Acre. Minha esposa é daqui, moro aqui há 34 anos e sou apaixonado pelo Acre, é minha terra, mas eu vou andar por aí”, finaliza.