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Em meio à estiagem prolongada, Rio Acre reduz 14 centímetros em 72 horas e segue abaixo de 2 metros em Rio Branco

Em meio à estiagem prolongada, Rio Acre reduz 14 centímetros em 72 horas e segue abaixo de 2 metros em Rio Branco

Coordenador da Defesa Civil Municipal alerta que o cenário de seca extrema pode seguir até o início do próximo ano, quando devem começar as chuvas regulares

Em meio à estiagem prolongada, o Rio Acre teve uma redução de 14 centímetros nas últimas 72 horas e segue abaixo dos dois metros em Rio Branco. Apesar de registrar 45 milímetros de chuva no primeiro dia do mês, o nível chegou a 1,50 metro na medição das 6h desta segunda-feira (9), segundo a Defesa Civil Municipal.

O coordenador do órgão, tenente-coronel Cláudio Falcão disse, durante entrevista à Rede Amazônica Acre, que o cenário de seca extrema pode seguir até o início do próximo ano, que é quando devem começar as chuvas regulares.

“Anualmente, a partir de outubro, começam as chuvas. Porém, em 2023, nós não temos previsões de que as chuvas regulares comecem agora no mês de outubro, nem no mês de novembro, podendo também alcançar o mês de dezembro. Então, até o início do ano, a previsão é que a gente continue com falta de chuva, calor intenso, principalmente por conta dos fenômenos, como o El Niño, que afetam diretamente o clima aqui na nossa região”, explicou.

Decretação de emergência e criação de comitê

Após decretar situação de emergência por conta do período de estiagem no dia 6 de outubro, considerando o volume de chuvas no primeiro semestre do ano, que foi inferior à média, o governo do Acre criou um comitê para a tomada de decisões. A medida baseia em levantamentos que apontam uma estiagem prolongada nos meses de outubro, novembro e dezembro. Nesse sábado (7), o comitê se reuniu para traçar medidas a serem tomadas e falar das previsões para o estado.

“Essa crise hídrica que o estado vivencia neste momento de estiagem vem prejudicando comunidades como um todo. A gente reuniu esse comitê para avaliar os impactos e tomar as medidas necessárias para ajudar as comunidades, principalmente àquelas que estão às margens de nossas bacias devido à seca que tem prejudicado o dia a dessas pessoas. Toda equipe está reunida levantando, se baseando nos dados e tomando as medidas necessárias para que a gente reduza os impactos nesse período”, explica o secretário do governo, Alysson Bestene.

Consequências

Sobre os prejuízos às comunidades, Falcão ressalta que as consequências abrangem toda a extensão do rio, e que além da seca que provoca desabastecimento, as altas temperaturas contribuem para a ocorrência de incêndios florestais, o que também piora a qualidade do ar.

“Nós temos municípios que não têm mais navegação. Por exemplo, quem quer sair aqui de Rio Branco em direção a Capixaba, Assis Brasil, Brasileia, não tem mais navegação. Até Boca do Acre, que é fora do território, ainda é possível navegar, mas nós alertamos que é preciso cuidado com bancos de areia. Nas últimas 72 horas, nós tivemos um decréscimo de 14 centímetros na bacia do rio Acre, então tudo isso faz falta no momento da navegação, do abastecimento, e de outras situações que os produtores e ribeirinhos necessitam”, destacou.

Segundo estimativa da Defesa Civil Municipal, pelo menos 17 mil pessoas já foram afetadas pelo desabastecimento de água. a Operação Estiagem já atendeu 4 mil famílias em 27 comunidades nas zonas urbana e rural da capital acreana. Porém, segundo o coordenador Coronel Cláudio Falcão, o número pode ser ainda maior.

Uma das pessoas que precisaram ser atendidas pela operação foi a aposentada Mariusa Conceição Lopes Pereira, de 66 anos, que mora na Vila Manoel Marques, na zona rural, há 13 anos. Ela conta que durante o inverno, bebe água da chuva porque mil litros de água sai a R$ 80.

“No verão entra o caminhão-pipa na comunidade e isso essa água para tudo; tomar banho, lavar roupa, lavar louça, porque nesse período não tem água aqui”, conta. Mesmo diante de uma seca, ela disse que já teve período piores, quando o açude chegou a secar. “Tendo a água na caixa, eu vou abastecendo a casa de baldinho em baldinho”, relata.

Clairton Luiz tem uma padaria na Vila Manoel Marques e disse que a ação de levar água pra comunidade é o que ajuda neste período.

“Esse período aqui é considerado o pior, porque geralmente quem vem pra cá não quer ficar, logo procura outro meio, outro lugar pra morar, devido a dificuldade da água. Com essa estiagem de chuva, pela graça de Deus, o que tem salvado é o serviço da prefeitura, que tem fornecido a água pra gente, duas, três vezes na semana. Não tem deixado faltar. Esse suporte tem muito acolhedor aqui pra gente, não só aqui pra gente no nosso ramal, mas pra toda essa vila”, pontua.