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Distribuição de água em Rio Branco é reduzida em 20% após bomba da ETA I ser retirada para manutenção

Bomba que capta 300 litros por segundos na torre de captação da ETA I não estava funcionando direito e foi retirada para manutenção. Previsão é de que distribuição de água seja normalizada daqui a cinco dias

A distribuição de água em Rio Branco está em reduzida em 20% a partir desta sexta-feira (18) após retira de uma das bombas da torre de captação da Estação de Tratamento de Água (ETA I). Segundo o Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), o equipamento passa por manutenção devido ao desgaste de algumas peças.

A previsão é de que a distribuição seja normalizada em cinco dias. As equipes perceberam, na tarde dessa quinta (17), que a bomba não estava funcionando corretamente. Os trabalhadores começaram a retirar a bomba e terminaram nesta sexta, e encaminharam para oficina.

O diretor-técnico do Saerb, Fernando Cardoso, explicou que o órgão não tem bomba reserva. “As partes desmontadas vão ser consertada em uma tornearia e em prazo de cinco dias vamos montar de novo. Essa bomba tem capacidade de captar 300 litros por segundo, que é cerca de 20% da nossa capacidade total”, contou.

Sem a bomba, a capacidade total de captação de água foi reduzida de 1,6 mil litros por segundo para 1,3 mil litros. Para não prejudicar alguns bairros mais do que os outros, Cardoso destacou que foi decidido retirar 20% da distribuição geral.

“Não vamos retirar água só de um local, vamos retirar 20% de toda a capital. Locais que têm dez horas de abastecimento vai passar para oito horas. Nem todos os bairros vão ter problemas, mas as áreas mais altas com certeza vão notar”, concluiu.

Recomendação

Na última segunda (14), o Ministério Público do Acre (MP-AC ) publicou uma recomendação com o prazo de 90 dias para que o Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb) apresente um plano que resolva o problema de abastecimento de água na capital acreana.

O documento destaca que há décadas a capital acreana sofre com problemas no abastecimento de água.

“Se está diante de um problema estrutural que, se não solucionado, levará ao ajuizamento de um processo estrutural, com o qual se objetiva enfrentar as causas do problema, reestruturando uma situação que, até o presente, está consolidada e é caracterizada pelo desacordo com o que dispõe o art. 22 do Código de Defesa do Consumidor, no que concerne à adequação, à eficiência, à segurança e à continuidade”, destaca.

A presidência do Saerb informou nesta terça-feira (15) que a recomendação está em análise no setor jurídico.

Reversão

Em maio do ano passado, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, e o governador Gladson Cameli assinaram, no Palácio Rio Branco, o termo de reversão do Sistema de Saneamento Básico para a prefeitura. A transição deveria ser concluída até outubro. Essa foi uma das promessas feitas pelo prefeito quando ele era candidato.

A responsabilidade do saneamento básico e da distribuição de água, constitucionalmente, pertence ao município, mas, um acordo feito há anos deixou esse serviço a cargo do Estado, por meio do Departamento de Água e Saneamento do Acre (Depasa).

Com a assinatura do termo de reversão, a responsabilidade volta a ser da prefeitura. Na época, o prefeito Tião Bocalom disse que a ideia era não deixar faltar o abastecimento para a população mais pobre. A municipalização do serviço foi uma das promessas de campanha de Bocalom.

Em setembro, o prefeito pediu ao governo para que o comando do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb) fosse repassado para a prefeitura apenas em janeiro de 2022. Foi então que os gestores assinaram um aditivo prorrogando a reversão do sistema de abastecimento.

No pedido, o prefeito argumentou para o governador que naquele momento o município estava impedido legalmente pela Lei Complementar 173/2020, aprovada pelo Congresso Federal, que proibia reajustes até dezembro de 2021 para membros de poder ou de órgão, servidores e empregados públicos e militares. Por isso, a prefeitura não pode fazer novas contratações e nem novos gastos.

Após assumir a gestão do sistema de água, presidente Saerb, Edvaldo Fortes, afirmou que um dos problemas mais graves da gestão é com relação à inadimplência do sistema, que chega a ser de 50%. Por isso, as ações de cobrança devem ser intensificadas.

Segundo ele, a inadimplência juntamente com o alto índice de desperdício e ligações clandestinas correspondem a quase 60% de toda água produzida na capital acreana.

“Temos um plano municipal de saneamento básico e uma das coisas que vamos fazer de imediato é estruturar o setor comercial. Temos um problema muito grave de falta de recebimento e aí não há sistema que aguente. Vamos trabalhar forte nisso, porque essa receita é que vai manter os nossos projeto. O desafio é grande, mas estamos preparados”, afirmou Fortes.

O prefeito Tião Bocalom afirmou que a prefeitura assumiu o sistema “junto com o governo” e que mantém a mesma equipe de manutenção que atuava no Departamento de Água e Saneamento do Acre (Depasa). Ele falou ainda sobre o projeto de implantação de poços na região do Segundo Distrito da capital.

“O Saerb já tinha uma quantidade enorme de técnicos trabalhando no Depasa, agora voltou tudo para o Saerb e o Saerb está se programando para fazer as compras dos produtos para tratar água, porque ano passado não podia fazer. Além de contratar empresa para fazer a pesquisa de poços de até 300 metros na região do Segundo Distrito”, afirmou Bocalom.

Ainda segundo o presidente do Saerb, todos os 150 funcionários terceirizados que atuavam nos serviços de água e esgoto pelo Depasa foram contratados pela nova empresa responsável.

“O que tem que ser deixado claro é que estamos falando de reversão e não de ruptura. A operação continua da mesma forma, por enquanto, claro que depois vamos cumprir os planejamentos. O que mudou foi a gestão, que antes estava com o governo e agora está com a prefeitura. Outra preocupação que se tinha era com relação aos terceirizados. A empresa que contratamos absorveu todos os 150 terceirizados. Não ficou ninguém desempregado por conta da reversão. Agora é cumprir o planejamento”, concluiu Fortes.

Sistema crítico

O sistema de abastecimento de água e esgoto funcionou de forma crítica em 2020, com equipamentos defeituosos, queimados, rachaduras em barragens e desabastecimento nos bairros.

Durante a campanha, o prefeito disse que estudava uma alternativa para que esses problemas fossem sanados. Uma das medidas que sugeriu, era separar o abastecimento do primeiro e segundo distritos da cidade, trabalhando com abertura de poços artesianos.