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Da angústia de um pai, nasceu o centro que se tornou referência no tratamento do autismo no Acre

Mazinho Maciel nasceu e se criou em Cruzeiro do Sul. Saiu do município para estudar medicina, mas retornou ao Juruá após formado

. Cerca de 2 anos atrás, viveu uma experiência que mudaria para sempre sua vida. Sua filha, então com 2 anos de idade, foi diagnosticada com autismo.

Mesmo sendo um profissional médico, Mazinho conta que foi um choque. “Foi uma surpresa. Era algo novo, já que o ramo da medicina que eu resolvi me dedicar não tinha nada com o assunto. Foi aí que percebi que em Cruzeiro do Sul não havia nenhum tipo de tratamento para essa condição que é o autismo”, explica.

Mazinho conta que “virou a chave” quando o luto virou luta. “O choque do diagnóstico é muito difícil. Para mim, que sou um profissional de saúde, foi difícil. Graças à Deus que foi um período curto e o que me ajudou foi transformar o meu luto em luta. Aí minha vida melhorou absurdamente”, diz.

O médico comenta que, ao identificar a falta de atendimento para os autistas em Cruzeiro do Sul, passou a buscar profissionais e pensou em organizar um espaço na própria casa para que filha pudesse receber os tratamentos.

geral 4Sucesso do Centrin em Cruzeiro do Sul, que está em funcionamento há pouco mais de um ano, já desperta interesse do governo em copiar o modelo adotado no Juruá - Fotos: Ac24horas

“À priori eu pensei em criar uma equipe com psicólogo, terapeuta ocupacional e fonoaudiólogo e montar um espaço para atender a minha filha. Nessa busca pela equipe eu conheci a Associação de Pais e Amigos de Autistas que é de Cruzeiro do Sul e eu nem sabia que existia. Fui para uma reunião e descobri a triste situação de que 70 famílias com autistas estavam sem assistência e sem tratamento. A partir daí me incomodou o fato de imaginar minha filha ter toda uma estrutura e aquelas famílias ficarem desamparadas”, afirma Mazinho.

Como o tratamento do autismo é considerado de média complexidade e por isso é uma competência do Estado, Mazinho conta que procurou o governo estadual na época. Mesmo recebendo um não como resposta, não desistiu.

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“Com a negativa do governo na gestão passada, eu procurei o prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro, expliquei o projeto e ele abraçou a causa. Desde então firmamos a parceria, montamos uma ONG e criamos o Centrim, que é o Centro de Tratamento de Integração Sensorial. Começamos com 20 famílias, já que no autismo é preciso cuidar de toda a família. As coisas caminharam de forma espetacular e hoje atendemos 78 famílias. O Vale do Juruá não tem hoje nenhuma família desassistida”, afirma.

O sucesso do Centrin em Cruzeiro do Sul, que está em funcionamento há pouco mais de um ano, já desperta interesse do governo em copiar o modelo adotado no Juruá. “Já fomos procurados por um representante do governo que manifestou interesse e estamos aguardando o agendamento de uma conversa sobre o assunto”, ressalta.

geral 6Médico Mazinho Maciel (D) foi o responsável por criar o Centro de Tratamento de Integração Sensorial

Mazinho conta como o autismo da filha mudou sua vida. “Eu cometi um grande erro quando eu comecei a estudar o autismo e quando criei o Centrin. Eu achava que eu estava ajudando as pessoas, no fundo eu que estava sendo ajudado. Hoje a minha vida é totalmente diferente. Não tenho dúvida de que o autismo da minha filha me tornou uma pessoa muito melhor”, finaliza o médico.

Ac24horas.com