Competição realizada anualmente conta com o apoio da universidade e mobiliza estudantes a formarem atléticas para participar dos jogos e festividades da instituição
Criada em 2015 e disputada por apenas 4 grupos, a Organização dos Jogos Inter Atléticas (Orjia) é uma competição que cresce a cada ano na comunidade acadêmica e mobiliza centenas de alunos do campus Rio Branco da Universidade Federal do Acre (Ufac).
Apesar do nome curioso - que, aliás, nem era chamado assim no ato de sua criação -, o Orjia é uma competição que com o passar dos anos se modernizou, com novas modalidades disputadas, e que ao mesmo tempo incentivou a criação das atléticas, associações acadêmicas que representam seus respectivos cursos de graduação.
Para falar sobre a competição, que terá mais uma edição a partir de 30 de agosto, a reportagem conversou com o presidente da atlética Strix, que representa os cursos de Letras, Luciano Villacosta. Ele também preside a Liga da Atléticas da Ufac (Laufac), organização que cuida de todas as atléticas e é responsável por organizar o Orjia em parceria com a universidade.
Sobre a organização e preparativos para o evento, Luciano explica que esse trabalho é de responsabilidade da diretoria da Laufac com a administração da universidade, através da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) e o Diretório Central Estudantil (DCE).
“Estes se reúnem previamente para decidir sobre quais modalidades serão disputadas, estabelecer critérios de participação, definir as questões da premiação, programação e calendários das disputas e a arbitragem oficial de cada modalidade”, complementa Luciano.
Em épocas de cortes e contingenciamento de verba por parte do governo federal, é no mínimo curioso imaginar de que forma o evento seria realizado neste ano. Segundo Luciano, a solução encontrada, em conjunto com a administração da universidade, foi a de dividir o valor. Assim, cada atlética fará uma contribuição paritária para custear as arbitragens da competição. Essa foi a forma de conseguir realizar o evento, que já ganhou status de tradicional no ambiente acadêmico.
Apesar dos cortes, a competição cresceu. Além de contar com diversas modalidades coletivas e individuais, como futsal, vôlei, handball, basquete, natação, atletismo, truco, xadrez e eletrônicos, representados por League of Legends, CS Go e Fifa, foram acrescentados novos gêneros para a edição deste ano do Orjia. Entre elas a dama, o jogo eletrônico de dança Just Dance, futevôlei e dominó.
Luciano aponta que, atualmente, o número de atléticas é de 25. Em 2017, havia 17 grupos em competição. Em 2018 foram 22, considerando que a atlética de Medicina, a Sinistra, não participou por estar sediando o Intermed (competição entre os cursos de Medicina do Acre e Rondônia). Já em 2019 foram criadas as Atléticas que representam os cursos de Teatro (Venenosa) e de Filosofia e Ciências Sociais (Athenas).
Os novatos
A estudante de Teatro Raely Silva foi quem aceitou o desafio de tomar a iniciativa e finalmente criar a atlética que representaria seu curso. Apesar de ser caloura, a estudante tomou as rédeas, assumiu o cargo de presidente e montou uma diretoria, formada por outros alunos, para criar e administrar a Venenosa.
“A mascote da atlética é uma Deusa do Egito, chamada Serket. Foi uma ideia de representação da força feminina, das mulheres negras e também da comunidade LGBTI+”, disse.
Em termos de organização e movimentação, a presidente explica que tudo ainda está em fase embrionária, mas que já participaram como atlética do arraial da universidade, no início de julho, e aguardam ansiosos para sua primeira experiência no campeonato.
Os campeões
A atlética Blecaute (Engenharia Elétrica) foi a última campeã do Orjia. A glória na competição do ano passado rendeu aprendizados para a diretoria e atletas, porém, isso não deve ser o suficiente para a preparação deste ano, segundo o presidente da atlética, Jonas Paiva.
Na campanha do título, Jonas conta que a atlética teve um preparativo maior, com seletivas e treinos com semanas de antecedência aos jogos, visando a preparação dos atletas para a disputa pelo título. Perguntado sobre quais pontos, em relação ao ano passado, a atlética deve melhorar para buscar mais uma vitória, o presidente focou na preparação e pediu mais apoio da torcida.
“Acho que precisamos antecipar o período de preparação, dando mais tempo de treino para as modalidades, já que ano passado ficamos desorganizados em algumas delas, mesmo tendo participado de todas. Fora isso, acho que gostaríamos de ter maior participação da torcida nos jogos”, aponta Paiva.
Ao ser questionado sobre a disputa pelo título deste ano, Jonas afirma que será bem mais complicada, não só pela presença de novas atléticas, mas também pelo retorno da tradicional Sinistra.
“O Orjia deste ano com certeza vai ser bem mais disputado, pois a atlética de Medicina vai voltar aos jogos. Então, nós vamos buscar o bicampeonato contra atléticas que já se provaram fortes, como a Sinistra, e outras que já foram campeãs, como a Adrenalina e a Devastadora. Fora elas, temos atléticas emergentes que também buscarão o título, como a Fúria, Strix e Insana.”
O que esperar para este ano?
A reportagem falou com três presidentes e pôde ter a noção do que é essa competição. A princípio, é só um nome curioso, com duplo significado, e que representa algo sem grande impacto. Mas, na verdade, engana-se quem ficar só nas aparências.
Deve-se pensar em como tudo se articula, como é criado. A competição não só chama atenção da comunidade acadêmica, por ser um evento anual bastante esperado, mas faz com que os estudantes se movimentem e se articulem em prol dessa data. Os grupos precisam de dinheiro, então utilizam-se de filiações que promovem descontos em produtos das atléticas, bem como em itens e serviços de lojas, lanchonetes e empresas que fecham parceria com as mesmas.
Apesar de toda a preparação e organização que isso envolve, os três entrevistados destacaram suas experiências e de qual forma acreditam que o Orjia influencia a comunidade acadêmica.
“É algo muito importante, tanto que a prática esportiva conta como horas complementares, algo que cada estudante precisa ter para se graduar. Além de ser importante fisicamente para saúde, é onde a interação dos alunos mais acontece”, disse Jonas Paiva, presidente da Blecaute.
“Sim é sempre bom, mas que seja de uma forma saudável e justa. Eu já participei como espectadora e foi muito legal a experiência”, comenta Raely Silva, presidente da Venenosa.
“Creio eu que impacta positivamente, porque além de ser uma competição entre toda a comunidade acadêmica, é também uma oportunidade de estreitar relações com a galera dos demais cursos, e não apenas do seu próprio. Isso se mostra benéfico porque quando surge uma dúvida, problema, questionamento, evento lúdico ou acadêmico, as atléticas se envolvem, sendo uma das forças de realização, por já ter uma organização e mobilização próprias”, finaliza Luciano, presidente da Laufac.
*Acadêmico de Jornalismo da Ufac