De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), que solicitou os equipamentos, a medida faz parte de esforços para ampliação de leitos e enfrentamento às síndromes gripais no estado
O Acre recebeu duas incubadoras e três berços aquecidos doados pelo governo de Minas Gerais nessa sexta-feira (17) para instalação em UTIs e CTIs pediátricas. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), que solicitou os equipamentos à Saúde do estado mineiro, a medida faz parte de esforços para ampliação de leitos e enfrentamento às síndromes gripais no estado. O material foi transportado por uma aeronave do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais.
O secretário de Saúde do Estado, Pedro Pascoal, declarou que os equipamentos são essenciais para o tratamento de crianças com quadros graves de síndromes respiratórias.
“Agradecemos ao governo de Minas Gerais, em nome do secretário de saúde, Fábio Baccheretti, que de pronto atendeu o nosso chamado, doando cinco equipamentos que são essenciais para a manutenção da vida das crianças que forem acometidas pela forma grave da síndrome respiratória”, afirmou.
Tendência de alta
De acordo com o Boletim InfoGripe, divulgado na sexta-feira (16) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Acre está entre os cinco estados que apresentam sinal de crescimento, na tendência de longo prazo, nos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) especificamente em crianças.
Os dados correspondem à semana epidemiológica 23, que vai de 4 a 10 de junho deste ano, e apontam que há sinal de crescimento presente fundamentalmente nas crianças, com destaque para o vírus sincicial respiratório que é o responsável pelo aumento dos casos nessa faixa etária.
O g1 solicitou à assessoria de comunicação da Sesacre dados sobre a disponibilidade atual de berços e incubadoras pediátricas no estado, e aguarda retorno.
Além do Acre, mais três estados da região Norte mostram crescimento de casos associado às crianças: Amapá, Pará e Roraima. O estado acreano aparece com 95% de tendência de alta, considerando o longo prazo, ou seja, as últimas seis semanas. Já no curto prazo, últimas três semanas, o Acre aparece em estabilidade.
De acordo com o boletim, o indicador de longo prazo permite avaliação de tendência suavizando o efeito de eventuais oscilações entre semanas consecutivas, algo natural em dados de notificação. Já o de curto prazo permite identificar, de forma oportuna, possíveis alterações no comportamento de longo prazo, mas que necessitam interpretação cautelosa à luz de eventuais oscilações.
Caos na saúde pública
No ano passado, o estado viveu uma alta severa nas internações por conta de síndromes gripais, com pelo menos 10 mortes de crianças por conta de casos graves, e com a ocupação de leitos chegando a 90%.
Na última semana de junho daquele ano, das 20 Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) pediátricas existentes no estado, que estavam concentradas em Rio Branco, 18 estavam ocupadas, sendo 11 por síndrome gripal e outras sete por outras comorbidades.
Já em relação a enfermarias pediátricas, o estado conta com 66 vagas, sendo que 50 delas em Rio Branco, 39 estavam ocupadas. A maioria também por síndrome gripal (20).
No Juruá, onde há apenas leitos para crianças, 16 ao todo, e até esta quinta, 11 estavam ocupados. No Alto Acre, há 12 leitos adultos que podem ser convertidos para pediátrico conforme necessidade. Não há notificação de criança internada.
No Pronto-Socorro, a observação pediátrica tem sete salas disponíveis e seis estavam ocupadas.
Mortes de crianças
As famílias das crianças que morreram vítimas de síndromes gripais se juntaram e entraram na Justiça contra o estado, por entenderem que houve negligência no atendimento das vítimas.
Em comum, elas relataram que os bebês deram entrada em unidades de saúde da capital com sintomas gripais, logo o quadro deles agravou e não havia leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) disponível para internação. Sobre isso, o governo disse na época que não iria se manifestar.
A 1ª Promotoria de Justiça Especializada de Defesa da Saúde, do O Ministério Público do Acre abriu procedimento para avaliar se houve omissão no atendimento às crianças e a disponibilidade de leitos de pediatria, medicamentos e insumos da rede pública estadual, destinados ao atendimento de crianças acometidas de vírus respiratórios.
Quem começou o movimento para tentar juntar os pais das vítimas foi a servidora pública, Joelma Dantas, mãe do pequeno Théo Dantas, de 10 meses, que morreu no PS da capital enquanto esperava uma vaga de UTI no Hospital da Criança. Ela disse que a ideia é unir as famílias das crianças para buscar justiça.
“Estou tentando contato com as outras oito mães que estão sofrendo a mesma situação nesses últimos dois meses. Em seguida, pretendemos levar a denúncia ao Ministério Público e procurar a Justiça mesmo para responsabilizar o estado, porque no ano passado um especialista chegou a falar sobre essa síndrome grave e alertar a Secretaria de Saúde que teria que se preparar. Então, tudo isso foi fruto de negligência e eles precisam pagar por isso. Com certeza, poderia ter sido evitado”, disse Joelma.