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Com rio abaixo de 2 metros, Rio Branco teve apenas 34% do volume de chuvas esperado para junho

Com rio abaixo de 2 metros, Rio Branco teve apenas 34% do volume de chuvas esperado para junho

Volume de chuvas foi de apenas 21 milímetros, quando esperado era 62. Informação foi divulgada pela Defesa Civil Municipal nesta segunda-feira (1º). Nível do Rio Acre chegou a 1,77 metro e subiu dois centímetros nesta terça

O acumulado de chuvas em Rio Branco durante todo mês de junho não passou de 21,1 milímetros. O número representa apenas 34% do total esperado, que era 62 milímetros. A informação foi divulgada pela Defesa Civil Municipal nesta segunda-feira (1º).

Sem chuvas, o nível do Rio Acre na capital marcou 1,79 metro nesta terça (2). Ainda segundo o órgão municipal, choveu apenas três vezes na capital acreana durante junho: no dia 21, na última quarta (26) e neste domingo (30). O Rio Acre perdeu 85 centímetros de lâmina d’água durante o período.

A Defesa Civil de Rio Branco destacou também que a chuva mais significativa foi no dia 26, quando choveu 19,2 milímetros.

Na sexta (28), o prefeito Tião Bocalom assinou um decreto de emergência em razão do baixo nível do Rio Acre e da falta de chuvas na capital. O documento com as medidas, no entanto, ainda não foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE).

Segundo o gestor municipal, são atendidas 32 comunidades com abastecimento de água durante este período de seca. O abastecimento nessas comunidades rurais, que geralmente inicia em julho, teve início no dia 17 de junho.

“Este ano nós começamos a atender no mês de junho, em função de que começou a faltar água muito mais cedo. Agora não são mais de dez comunidades, são 32 comunidades que a gente está atendendo”, disse.

rio acre 002Rio Acre perdeu 85 centímetros de lâmina d'água em junho, segundo a Defesa Civil Municipal — Foto: Arquivo/Defesa Civil de Rio Branco

Na ocasião, o coordenador da Defesa Civil municipal, tenente-coronel José Glácio, disse que a coordenadoria está atuando para atenuar os efeitos da seca antecipada. Há, pelo menos, 14 caminhões com capacidade de 6 mil a 18 mil litros de água abastecendo as 32 comunidades.

“A comunidade urbana tem o costume de usar a água de maneira indevida, lavando calçadas, lavando carros, abastecimentos de piscina, trocando a água sem necessidade, então nós temos que ter esse cuidado, porque a seca promete ser mais rigorosa do que o ano de 2016, que foi o ano que foi registrado a maior seca aqui de Rio Branco”, frisou.

Contingência

O governo do Acre montou um gabinete de crise para discutir e tomar as devidas medidas com redução dos índices de chuvas e dos cursos hídricos, bem como do risco de incêndios florestais. O decreto com a criação deste grupo foi publicado na última quarta-feira (26), em edição do Diário Oficial do Estado (DOE), e fica em vigência até dia 31 de dezembro deste ano.

O Acre decretou, no dia 11 de junho, emergência ambiental por causa da redução da quantidade de chuvas e riscos de incêndios florestais. O decreto de nº 11.492 foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) e é válido para os 22 municípios acreanos.

Emergência climática

O estado também decretou emergência, no dia 11 de junho, com validade até o fim deste ano. O decreto aponta para o baixo índice de chuvas para o período, aumento das temperaturas e queda nos percentuais de umidade relativa do ar, além do alerta para possível desabastecimento.

A situação alerta para uma possível seca antecipada, já que no ano passado, o decreto de emergência foi publicado em outubro.

O coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Carlos Batista, disse que o Rio Acre, principal afluente do estado, estava com uma média de vazante de 5 centímetros por dia, e que há chances de ocorrer chuvas. No entanto, são rápidas e passageiras, o que pode contribuir para que cotas mais baixas sejam registradas também neste mês de julho.

“Tem uma previsão de temperaturas mais altas durante esse período, então o somatório disso tudo é a vegetação mais seca e aí vem uma maior probabilidade de incidência de incêndios florestais. Quando se deflagra o incêndio florestal, a tendência é de se propagar com maior rapidez. Temos redução dos mananciais e com essa redução dificulta um pouco a captação de água. Então, há todo esse problema na agricultura, na pesca”, complementou.

Ainda segundo Batista, um plano estadual de contingenciamento foi elaborado para este período de seca. “Toda a estrutura da Defesa Civil Estadual, todo o sistema estadual do órgão está de prontidão. Já temos o nosso plano de contingência elaborado, anexo a esse plano, o plano das 22 coordenadorias municipais de Defesa Civil para o enfrentamento dessas ações”, concluiu.

rio acre 003Rio Acre marcou 1.40 metro em 2023 em Rio Branco — Foto: Ana Paula Xavier/Rede Amazônica Acre/Arquivo

Seca antecipada

Pouco mais de dois meses após o Rio Acre, em Rio Branco (AC), alcançar a segunda maior cota histórica e atingir mais de 70 mil pessoas com uma enchente devastadora, o manancial chegou a ficar abaixo dos 4 metros desde o início de abril.

A situação alerta para a possibilidade de um período de seca que, segundo especialistas, pode se antecipar e se tornar cada vez mais frequente em um menor espaço de tempo.

É preciso entender ainda que as chuvas na região precisam estar dentro da normalidade para o rio poder correr normalmente, o que não está sendo o caso do Rio Acre.

O ano em que o manancial apresentou a menor marca histórica foi em setembro de 2022, quando marcou 1,25 metro. Naquele ano, o rio já estava abaixo dos quatro metros no mês de maio.

O mesmo quadro foi observado em 2016, ano com a segunda pior seca. Em 17 de setembro, o rio atingiu a menor cota histórica da época: 1,30 metro.