Com a chegada do verão amazônico, redução de chuvas e altas temperaturas já afetam a produção. Órgão iniciou plano de contingência que deve abastecer famílias com água potável e alimentos. Em 2024, com uma das piores secas, as perdas chegaram a 50% do cultivo na capital
A estiagem chegou mais cedo este ano e já provoca impactos por toda a capital. Em Rio Branco, a falta de chuva causa prejuízos crescentes e o Rio Acre, principal fonte de abastecimento da cidade, já sente os efeitos da seca.
Com isso, não apenas o abastecimento urbano é afetado. Nas áreas rurais, produtores também enfrentam dificuldades com a escassez de água. No caso da produtora e feirante Antônia Pontes, a seca prejudica a aplicação de técnicas que otimizam o uso do solo.
“Porque fica tudo duro, a terra é muito seca. Lá em casa, as vezes a gente faz um leirão [sulco aberto no solo], quando tá boa de arrancar, morre todinha. Aconteceu comigo várias vezes. Aí agora nós estamos começando de novo”, relata.
A produtora Luciana Oliveira mora no km 72 da BR-364, e, segundo ela, os prejuízos já começaram a aparecer. Sem alternativas, grande parte da produção acaba indo para o lixo.
“O açude lá em casa seca, e aí tem que dividir a água com a horta, com meus irmãos, com plantação de laranja e com gado. Aí as vezes eu tenho que deixar morrer um pouco [do cultivo].Aí também plantamos no sombrite [telas utilizadas na proteção de hortas e viveiros], que me ajuda muito. Porque o custo é muito alto pra fazer um açude melhor”, explica.
Contingência
Diante do cenário preocupante, que está somente no início, a Operação Estiagem já está em andamento. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Rio Branco, até o dia 23 deste mês deve começar o abastecimento emergencial em comunidades rurais.
Ainda conforme o órgão, a seca deste ano deve ser a mais crítica junto com 2016 e 2024. A Defesa Civil iniciou uma operação de apoio às famílias da zona rural, com distribuição de alimentos e água potável que já destinou 50 toneladas de mantimentos. Outras 46 toneladas devem chegar às comunidades até o dia 10 de julho.
“No ano de 2024, nós fazemos um levantamento em relação às perdas e prejuízos da comunidade rural, que chegou a 50%, uma vez que em 2024 eles foram atingidos duplamente pela cheia muito forte e pela seca muito forte. Então, a partir daí, nós vamos buscar recursos, justamente para que a gente possa minimizar os impactos de prejuízo para a comunidade rural”, diz o coronel Cláudio Falcão.
Outra constatação feita pela Defesa Civil é de que os níveis de chuvas estão ficando abaixo das médias históricas antes mesmo de chegar aos meses mais críticos.
“Em maio tivemos um déficit também, e aí provavelmente em julho nós teremos ainda uma situação mais complicada de chuvas. Dessa maneira, a seca se acentua bastante nos meses subsequentes, que é de agosto e setembro”, completa Falcão.