Marechal Thaumaturgo também tem falta de produtos alimentícios. Nível do Rio Juruá alcançou a menor cota para o mês de junho dos últimos cinco anos
A seca do Rio Juruá tem feito com que os moradores da cidade isolada Marechal Thaumaturgo, distante 558 km de Rio Branco, sofram com a falta de produtos alimentícios e racionamento de gasolina. Com isso, o combustível está custando R$ 10,50 no município nesta sexta-feira (9).
A prefeitura da cidade afirmou que a seca no manancial está dificultando a chegada de barcos que transportam os produtos. De acordo com a prefeitura, produtos de gênero alimentício, principalmente verduras, estão em falta no local.
Ainda segundo o órgão, os barcos estão chegando até um local e de lá, os mantimentos são transportados em pequenas embarcações para chegar até a cidade. A prefeitura disse que devido a seca do rio, foi decretada situação de emergência.
O barqueiro José Mildo diz que vai buscar os produtos em um barco pequeno, porque o grande não chega a cidade.
“A gente é obrigado mesmo a ir, se a gente não for, as coisas [os produtos] não vem. Vai faltar tudo aqui. O gás pelo menos, a botija tá R$ 200 já e não tem. Nós vamos buscar agora. Gasolina, diesel, não tem. E o rio secando cada vez mais, nunca esteve assim. Tem canto aí pra baixo [no rio] que não vai passar mais não, até pequena encalha”, comenta ele.
Nesta sexta (9), o Rio Juruá apresenta a metragem de 80 cm. Em junho, o nível do Rio Juruá alcançou a menor cota para o mês, dos últimos cinco anos. De acordo com a Defesa Civil de Cruzeiro do Sul, outra cidade no interior do Acre, o nível do manancial estava dois metros abaixo do registrado na mesma época no ano passado.
A Defesa Civil Municipal de Marechal Thaumaturgo informou que em 2023, nesta mesma época do ano, o rio ainda estava com a metragem de 1,20m, o que preocupa o órgão.
“Nós tínhamos água. Essa metragem aqui [80 cm] é pro final de agosto, mês de setembro. E esse ano, por essa época nós já estamos assim”.
O órgão relata que o abastecimento de água no município foi interrompido e estão tentando arranjar uma forma de reorganizar o fornecimento para a cidade.
“Hoje eles estão tentando reorganizar. Vão dar uma paralisada aqui na água pra tentar ajeitar uma ETA que tem aqui dentro do [rio] Amônia, para ver se consegue estar mantendo a água, porque o [rio] Juruá e o Amônia estão muito secos”, explica a Defesa Civil.
Ainda conforme a informação da Defesa Civil, a previsão para o município, segundo os satélites, é de que só haverá chuvas fortes e significativas em janeiro de 2025. “Para nós hoje estamos com a seca histórica, porque ano passado por essa época nós tínhamos água, a seca de hoje era para final de setembro”, declara o órgão.