Protestos entraram no quarto dia nesta quinta-feira (3) em RO, com bloqueio na BR-364, no Distrito de Extrema, em Porto Velho. Estrada liga o Acre ao restante do país
O bloqueio ilegal feito por bolsonaristas no Km 1040 da BR-364, no Distrito de Extrema, em Porto Velho, pode resultar no desabastecimento do mercado no Acre. É que essa estrada é a única que liga o Acre ao restante do país e por onde chegam mercadorias de todos os setores, via terrestre.
A interdição no trecho entrou no quarto dia nesta quinta-feira (3). Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Rondônia, a partir desta quinta, vai utilizar “intensiva força policial” para desobstruir as rodovias do estado.
No Acre, após três dias de manifestações nas rodovias federais que cortam o estado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que não há registros de bloqueios ou interdições nesta quinta. Mas, a situação na estrada de Rondônia preocupa o setor do comércio acreano.
Conforme o presidente da Associação Comercial do Acre (Acisa), Marcelo Moura, o comércio já começou a sentir a falta de alguns produtos, como é o caso dos alimentos perecíveis, que têm baixo estoque e são os primeiros afetados quando há algum impedimento de transporte pela rodovia. Além da gasolina, que segundo ele, está em restrição nas distribuidoras. O g1 tentou contato com a Associação de Supermercados do Acre (ASA), mas não obteve resposta até última atualização desta reportagem.
No entanto, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis, Gás Liquefeito de Petróleo e Lubrificantes do Acre (Sindepac), Delano Lima, disse que, por enquanto, não há registro de desabastecimento nos postos do estado. Mas, alertou que, se os bloqueios persistirem até o final dessa semana, os estoques de combustíveis podem acabar.
“A estrada está fechada desde segunda-feira [31] e nos primeiros se realmente não desbloquearem vai haver desabastecimento. No momento atual, não há nenhuma informação de posto que esteja sem produto. Mas, a situação é preocupante sim”, disse Lima.
Em nota, a Associação de Bares, Restaurantes, Conveniências, Distribuidoras e Eventos do Acre (Abrace), informou que pode haver o desabastecimento de cerveja no estado, inclusive, resultando no fechamento de bares, conveniências e distribuidoras, o que causaria um “prejuízo incalculável” ao segmento.
O presidente da Federação das Indústrias do Acre (Fieac) informou que não há nenhum relato de falta de produtos no setor até o momento. O mesmo foi relatado pelo consultor institucional da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Acre (Fecomércio-aC), Egídio Garó.
“Até o momento não temos notícias de desabastecimento no Estado. Caso os bloqueios persistam, sentiremos seus efeitos a partir do próximo final de semana, o que é improvável por conta das intervenções policiais nesses bloqueios”, disse Egídio Garó.
Segurança pública do Acre
O secretário de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), Paulo Cézar Rocha dos Santos, informou que todos os pontos de bloqueios nas rodovias do Acre já foram dissipados, porém em Acrelândia o movimento continua, mas sem obstrução das vias. Ele disse que a preocupação agora é com relação à BR-364, no território de Rondônia.
“Especificamente, na Vila Extrema está havendo a proibição do tráfego de veículos, inclusive a retenção de cargas. Em Rondônia, há outras manifestações em pontes da BR-364, mas em nenhum deles há retenção de veículos, apenas na Vila Extrema, e isso é preocupante em razão da possibilidade de desabastecimento do nosso estado”, disse o secretário.
O coronel informou ainda que nessa quarta (2) fez contato com a Segurança do estado de Rondônia e foi informado que nesta quinta eles estariam com a Força Nacional, a PRF e o Batalhão de Choque para promover a desobstrução da Vila Extrema.
“Tive informações, por volta de 8h desta quinta [3], do próprio secretário, que as tropas já haviam saído com o efetivo das forças nacionais, e acreditamos que até o final da tarde de hoje, esse bloqueio, que é o único que impede a entrada de cargas no estado esteja dissipado. Estamos com os setores de inteligência, os comandos interioranos, principalmente, acompanhando esses protestos para garantir o direito de ir e vir e principalmente o abastecimento dos mercados dos municípios acreanos”, afirmou Santos.