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Bebê e mulher que deu à luz em frente à maternidade no AC aguardam decisão da Justiça para terem alta

Conselho Tutelar disse que não localizou parentes da mãe da bebê e, por isso, ela deve ser encaminhada ao abrigo, após decisão judicial. Caso chocou a população da capital após mulher ser filmada ao ganhar bebê na calçada da maternidade

A bebê que nasceu em uma calçada em frente à Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco, na terça-feira (25), e a mãe passam bem, mas aguardam um posicionamento da Justiça para receberem alta do hospital.

“Na parte da saúde, elas já estão com alta, mas estão ainda dentro da unidade por uma questão social mesmo. Estamos aguardando um retorno do Conselho Tutelar que está acompanhando esse caso para darem o encaminhamento delas. Mãe e bebê passam bem e já têm condições de ir para casa”, disse a gerente-geral da Maternidade, Laura Pontes.

Ao g1, a conselheira tutelar que acompanha o caso, Ana Paula Costa, informou que o caso já foi encaminhado para a 2ª Vara da Infância, que deve decidir se o bebê será encaminhado ao Educandário Santa Margarida ou não.

“Já fizemos todos os encaminhamentos à Justiça de documentação e informações e acredito que até o final da tarde desta quinta, o juiz deve aplicar a medida, já que a mãe não tem família extensa em que possa ser entregue a criança e ela também não tem condições de cuidar da criança por ter problemas mentais. Só o juiz que vai decidir e, provavelmente, a criança fique institucionalizada no Educandário até que sejam finalizadas as buscas por algum familiar”, disse Ana Paula.

O Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) afirmou que não é possível repassar informações sobre o caso por estar em segredo de Justiça, mas disse que os procedimentos estão sendo tomados pela Justiça.

Busca por parentes

A conselheira tutelar afirmou que foi feito um levantamento sobre a mãe do bebê para tentar localizar parentes, mas que até o momento ninguém com vínculo biológico foi localizado.

Apenas ficou constatado que uma senhora ajuda essa mãe desde 2015. No entanto, essa pessoa apenas tem vínculo emocional com a genitora, por isso, não é possível entregar a criança para ela.

A informação é que a mãe tem problemas mentais e faz uso de bebidas alcóolicas. Na casa dessa senhora que a ajuda, que fica no bairro Taquari, região do Segundo Distrito de Rio Branco, ela tem um quarto, com cama e roupas, mas acaba ficando muitos dias pelas ruas da capital.

“Juntamente com a equipe do serviço social da Maternidade, nós conversamos com algumas pessoas que conhecem a história dessa mãe e tem uma senhora que cuida dela desde 2015, mas que não tem nenhum vínculo biológico com ela. Então, nós não podemos entregar uma criança para uma pessoa que só tem um vínculo emocional, é totalmente fora da lei. Por isso, precisamos fazer todos esses encaminhamentos à Justiça”, afirmou.

Bebê nasceu em calçada

O caso da mulher que deu à luz uma menina em frente à maternidade de Rio Branco chocou a população da capital. Um vídeo que circulou nas redes sociais mostrava a bebê no chão da calçada chorando enquanto a mulher está de pé ao lado.

Um morador que passava pelo local presenciou a cena e disse que chegou a pedir ajuda no hospital, mas que funcionários da recepção se negaram.

O homem, que preferiu não ser identificado, disse que a mulher possivelmente vive em situação de rua, e que ela chegou a tentar atendimento na maternidade, mas não conseguiu. Ela então desceu as escadas da unidade de saúde e, próximo ao estacionado, o bebê acabou nascendo.

“A mulher ganhou neném na porta da maternidade, fui lá, chamei os caras da recepção e ninguém quis ajudar. Acredito que é moradora de rua, não vi ela com ninguém. Vinha uma mulher, correu, tirou uma toalha de dentro da bolsa e levou o bebê e eu peguei a cadeira de rodas e levei ela. Cheguei lá em cima e eles não queriam atender ela porque tem que ter um responsável, mas deixei ela lá. Tem que ser atendido, é ser humano”, disse o morador.

Com relação à informação de populares que funcionários da maternidade teriam negado atendimento à mulher, a gerente disse que tudo foi apurado e não houve negligência.

“Não houve negação no atendimento. Quando pediram para pegar a moça, no caminho para buscar a cadeira de rodas, uma pessoa de fora pegou na frente, mas quando ela deu entrada na unidade, imediatamente ela recebeu o devido atendimento”, disse.