Um levantamento feito pela Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (Sepi) mostra a abrangência do plano emergencial colocado em prática durante um dos piores desastres ambientais registrados no estado acreano: a cheia dos rios, que deixou 19 cidades em situação de emergência em março.
O apoio do Estado em um dos momentos mais críticos chegou a 89 aldeias atingidas pela cheia, atendendo 9.311 indígenas de 1.188 famílias residentes em dez terras indígenas. O trabalho foi conduzido pela Sepi, que contou com a parceria de unidades de Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Exército, Casa Civil e Defesa Civil estaduais.
Confira os insumos entregues em cada terra indígena
Terra Indígena Alto Rio Purus – Santa Rosa do Purus e Manoel Urbano
-416 cestas básicas;
-209 kits de limpeza;
-100 kits de higiene;
-100 redes e mosquiteiros.
Terra Indígena Kampa do Rio Amônia – Marechal Thaumaturgo e Cruzeiro do Sul
-200 cestas básicas;
-140 kits de limpeza.
Terra Indígena Mamoadate – Assis Brasil
-200 cestas básicas;
-150 kits de limpeza;
-100 redes.
Terra Indígena Jaminawa do Rio Caeté – Sena Madureira
-50 cestas básicas;
-60 kits de limpeza;
-60 kits de higiene pessoal;
-10 fardos de água.
Terra Indígena Kaxinawá Nova Olinda – Feijó
-100 cestas básicas;
-100 kits de limpeza;
-100 kits de higiene.
Terra Indígena Riozinho do Alto Envira – Feijó
-700 cestas básicas;
-34 kits de higiene;
-140 redes e mosquiteiros.
Terra Indígena Katukina/Kaxinawá – Feijó
-213 cestas básicas;
-100 kits de higiene;
-100 redes e mosquiteiros.
Terra Indígena Kaxinawá – Tarauacá
-101 cestas básicas;
-101 kits de higiene;
-101 kits de limpeza.
Terra Indígena Rio Gregório
-401 cestas básicas;
-301 kits de limpeza;
-301 kits de higiene;
-301 redes e mosqueteiros.
Katukinas Rio Gregório – Tarauacá
-100 cestas básicas;
-100 kits de limpeza;
-100 redes e mosquiteiros.
Ao todo, foram distribuídas 2.481 cestas básicas, 1.161 kits de limpeza, 837 kits de higiene, 1.109 redes e mosquiteiros, além de 10 fardos de água. As cestas enviadas a essas comunidades pesavam 60 quilos. Foram R$ 2 milhões investidos no socorro aos indígenas, que em muitas terras perderam todas as plantações de subsistência. Os insumos continuam sendo entregues pela Sepi.
“Na questão emergencial, agimos de forma bem rápida, com a ajuda dos nossos parceiros. Agora temos também outra questão, que é o pós-cheia. Temos todo o mapeamento dos territórios indígenas e agora estamos trabalhando na reconstrução, com a conscientização para não morarem mais na beira do rio. E estamos reunindo todas essas informações, porque isso é pauta nacional”, destacou a titular da Sepi, Francisca Arara.
Fórum debateu questões
Nesta semana, atendendo uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF), a Sepi iniciou as tratativas para a criação de um grupo de trabalho (GT) para discutir os efeitos, sobre as comunidades indígenas, da alagação ocorrida este ano no Acre. O grupo será integrado com representantes da Funai e de outras instituições e associações indígenas. Os eixos que devem ser debatidos por esse grupo são infraestrutura, saneamento e segurança alimentar. Luidgi Merlo dos Santos, procurador da República que assinou a recomendação nº 6/2024, também esteve presente na reunião.
“Estivemos reunidos para elaborar um plano de trabalho, captar recurso e dar resposta aos indígenas que foram afetados pela enchente”, destacou a secretária.
Um plano de adaptação às mudanças climáticas também foi incluído nas prioridades apresentadas durante o 27º Fórum de Governadores da Amazônia Legal, realizado em Rio Branco nos dias 11 e 12 de abril. Pela primeira vez, o evento contou com a Câmara Técnica Indígena, instância em que foram listadas demandas comuns das comunidades indígenas da Amazônia Legal em um documento entregue às autoridades.
Os principais pontos levantados foram a autonomia das secretarias indígenas, bioeconomia pela perspectiva indígena, segurança alimentar, educação continuada, conectividade e, principalmente, os impactos das mudanças climáticas.
“Esse encontro é muito importante, porque destaca os problemas em comum de todos os estados; um deles é o de mudanças climáticas, as secas, as enchentes que o Acre e a Amazônia têm enfrentado”, destacou a secretária Francisca Arara na abertura da Câmara.
Na avaliação sobre o Fórum, o governador Gladson Cameli destacou a importância do encontro: “Discutimos as faltas, as necessidades, a realidade de cada estado. O que não vamos permitir é que sejamos pautados por outros países, porque a soberania é nossa. Quem vive na Amazônia sabe os problemas que temos. Sabemos nossos deveres e precisamos focar no desenvolvimento e nas pessoas”, frisou.