Veja como foi a entrevista do treinador após a goleada sobre o Chile, no Maracanã
Rio de Janeiro - Tite respirou fundo algumas vezes, se esforçou para conter a emoção e pronunciou poucas palavras ao ser questionado sobre a provável despedida dele do comando da Seleção em solo brasileiro nesta terça-feira, na goleada por 4 a 0 sobre o Chile.
Como o técnico deixará o cargo após a Copa do Mundo, e o Brasil não deve voltar a jogar em casa antes da viagem contra o Catar, o jogo desta quinta-feira tende a ser o último dele em casa pela Seleção.
– Tem muitos significados, muitas situações... São muitos e são muito particulares – afirmou o técnico, que na sequência preferiu passar a palavra para o auxiliar César Sampaio e o preparador físico Fábio Mahseredjian.
– Muito obrigado aos torcedores que compareceram hoje ao Maracanã, muito obrigado – completou o treinador, após as falas da dupla.
Ao analisar a partida, que teve amplo domínio brasileiro, Tite comentou:
– Nós temos tido... Dois aspectos têm me balançado: os atletas com a personalidade e a confiança de virem na seleção e repetirem níveis de atuações de seus clubes, isso é difícil pela expectativa de vestir a camisa da Seleção. Eles com naturalidade. Mais o trabalho para a gente, de alguma forma, poder organizar e explorar o que o adversário possa ter de fragilidades. Hoje sabíamos que o lado do Arana seria um canal de escape e o Fred, porque o tripé de meio de campo deles balançava e abria espaços – opinou.
O técnico ainda falou sobre a estratégia adotada para furar o bloqueio chileno, que montou uma linha defensiva com cinco jogadores:
– Quando se joga contra 5-3-2, com cinco atrás, abre-se os dois pontas, trabalha com dois entre linhas com liberdade de articulação, que são Paquetá e Neymar. Um avançado como meia esquerda, e segundo meio campista que joga entrelinhas. Construção com quatro, balança a bola que vai ter um corredor livre para as construções e para deixar os atletas no último terço com liberdade de criação, condução, drible, cruzamento ou chute. Ali é um espaço do talento dos jovens jogadores. Procuro passar sempre para eles: façam a jogada de forma vertical, procurem o gol, porque o gol é a essência do futebol. Todo talento buscando essa objetividade.
Ao ser questionado sobre Vini Júnior, Tite preferiu não individualizar e citou até mesmo os reservas, dizendo que gostaria de ter feito 11 substituições.
Mais adiante, ele falou da importância de coordenar o movimento dos atletas sem a bola.
– A média do jogo é 60 minutos. Você divide por 20 atletas, 22 atletas, dá em média dois minutos e meio de participação com bola para cada um. Às vezes, pela função, alguns menos do que isso. O que tu faz com os outros 57 minutos e meio? Futebol é um esporte coletivo essencialmente. Vai aparecer o talento se o outro participar junto. Se não tiver essa sincronia, essa ideia comprada de coordenação, tu vai ganhar de 4 x 3, 5 x 4. Mas e a tua confiança, a tua solidez, o teu equilíbrio. Os caras me apelidaram de equilíbrio. “Olha o equilíbrio aí, só fala em equilíbrio.” Mas é o desafio, é na minha vida e é no futebol também.
Em diferentes momentos, Tite pediu que seus auxiliares o ajudassem nas respostas durante a entrevista:
– Sobre recuperação de bola, tivemos 25% das recuperações no “rec 5” (retomada da posse após cinco segundos). Com Neymar e Paquetá, o recorte que nós tínhamos foram positivos. Com dois externos, a gente entende que precisa de ajustes, a gente acredita que pode melhorar mais. Temos mais uma opção para o que os jogos seguintes podem exigir da gente – explicou César Sampaio.
– Nós temos uma equipe muito movel. A escolha dos atletas passa por isso. A quantificação de carga começa antes de se apresentarem. Sabemos a data que vão chegar, quantos jogos fizeram, horário de chegada. se vão fazer conexão ou não. Então a gente tem isso antecipadamente. Com isso, a gente consegue quantificar a carga de trabalho para que eles estejam “fresh” – afirmou Fábio Mahseredjian.
A Seleção volta a campo na terça-feira, contra a Bolívia, às 20h30 (de Brasília), em La Paz. A partida é válida pela última rodada das Eliminatórias, mas o Brasil ainda tem mais um jogo para fazer no torneio, contra a Argentina. O clássico é válido pela 7ª rodada e deveria ter acontecido em setembro do ano passado, mas acabou suspenso após intervenção de agentes da Anvisa. O duelo deve acontecer em junho, e a CBF deseja que ele seja na Austrália.