Passando por dificuldades financeiras anualmente para garantir o Náuas na disputa o Campeonato Acreano, seja da primeira ou segunda
divisão, o presidente do Cacique do Juruá, Zacarias Lopes, decidiu investir em um ramo nada convencional para um clube de futebol: o comércio de farinha.
O dirigente do clube de Cruzeiro do Sul, cidade a 648 km de Rio Branco, capital do Acre, explica que a decisão foi tomada pensando em obter recursos para bancar as despesas da equipe e não depender apenas de patrocínios de terceiros. Ele adquiriu inicialmente 10 toneladas do produto, que é um dos principais matérias-primas comerciais do município. O dinheiro utilizado para a compra foi de recurso próprio, oriundo uma poupança que o dirigente matinha com economias para garantir o estudo universitário do filho.
– Eu fiz um empréstimo e comprei um caminhão (usado). Depois, pra comprar a farinha foi assim: meu filho nasceu eu comecei a fazer uma poupança pra ele fazer a faculdade. Ele completou 18 anos agora, peguei e saquei a poupança da faculdade dele pra movimentar a farinha e depois retornar esse dinheiro pra ele. Aí é de onde a gente tira o retorno. Meu filho está terminando o segundo grau e no próximo ano vai ingressar na faculdade. A gente assumiu esse compromisso com ele (de devolver o valor) – conta.
– Era R$ 20 mil. Quando nós sacamos, não sei de onde o governo arrumou que tínhamos que pagar R$ 3 mil de imposto de renda. Conseguimos pegar só R$ 17 mil. Comprei R$ 14 mil de farinha, R$ 2 mil foi de óleo diesel e o restante com outros gastos – explica.
De acordo com Zacarias Lopes, o lucro obtido com a venda da farinha será todo para o Náuas. Ele conta que advogados estão trabalhando no processo de licenciamento do produto.
– Todo lucro (100%) é para o Náuas. Eu compro a farinha, empacoto e vendo como se o lucro fosse pra mim, só que o lucro é pro Náuas. Nós criamos isso, a gente licenciou a imagem do Náuas. É a forma que a gente pode atuar como (clube) profissional com essa renda porque não temos renda nenhuma. A gente ainda não teve lucro, mas um empresário já abraçou o projeto. Já deixei 10 toneladas em Rio Branco e já estou aqui (em Cruzeiro do Sul) produzindo mais.
– Tem dois advogados aqui fazendo o processo de licenciamento, que é uma das coisas que o clube pode fazer para ganhar dinheiro: licenciar produtos. Então, o viés é esse. O Náuas licenciou essa farinha – completa.
Zacarias Lopes tem mandato como presidente do Náuas até 2020. Ele diz que pretende concorrer para seguir no comando do clube e a ideia é retornar com uma gestão mais profissional.
– Se tiver de voltar vai ser com dinheiro para contratar comissão técnica, para contratar, pelo menos, o que a gente uma espinha dorsal, três quatro jogadores de responsabilidade que possam engajar os outros daqui – afirma.
“Essa farinha é diferente, é dos melhores produtores que estou selecionando. A intenção é a gente chegar num ponto onde essa farinha possa bancar uma parte (das despesas) do Náuas. A gente vai trabalhar o ano todinho juntando o lucro pra quando chegar no campeonato ter condições de se bancar. Se não conseguir vai ser o jeito parar. Os patrocínios que a gente consegue aqui ajudam, mas chega a um montante de R$ 3 mil” – ressalta Lopes.
Globoesporte.com/ac