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O que aproxima e o que afasta Jorge Jesus do Flamengo; confira pontos-chave

O que aproxima e o que afasta Jorge Jesus do Flamengo; confira pontos-chave

Clube mantém português como plano A, mas quer acertar um compromisso formal o quanto antes para se assegurar; veja abaixo outros fatores que influenciam

Rio de Janeiro - Após novo vexame, o Flamengo se vê obrigado a acelerar o processo de substituição de Vítor Pereira. Jorge Jesus continua como plano A, mas há a clara necessidade de se formalizar o acerto rapidamente por meio de uma garantia que permita essa espera até junho. Porém, uma derrota por 2 a 0 para o Maringá, que compromete a sequência do time na Copa do Brasil da forma que foi, é o tipo de resultado que pode fazer a diretoria mudar de direção.

O ge separou pontos que aproximam e os que afastam Jesus do Flamengo. Confira:

O que aproxima?

- Desejo em comum

Desde a saída do Flamengo em 2020, que deixou mágoas no clube e no presidente Rodolfo Landim, as partes nunca estiveram em tanta sintonia. Fla e Jesus querem um ao outro. O momento atual é o primeiro em que o técnico está muito próximo da saída de um clube. Em dezembro de 2021, tinha um compromisso com o Benfica válido até o meio do ano seguinte.

Em maio de 2022, quando já havia deixado o clube português, Jesus deu prazo ao Flamengo para recontratá-lo. O problema é que os rubro-negros tinham compromisso com Paulo Sousa, e a manifestação pública do treinador acabou dificultando ainda mais o caso.

- Transparência nas conversas e boa relação

Jesus tem conduzido as conversas com muita transparência. Pediu ao Flamengo para esperá-lo e confirmou ao Fenerbahçe que abriu negociações com o ex-clube. O português não quer permanecer na Turquia e, por isso, está determinado a deixar o país assim que seu contrato terminar.

O Flamengo também tem agido da mesma forma, mas pede celeridade ao treinador. A formalização por meio de um documento é o que o clube mais deseja para planejar os jogos que disputaria sem Jorge Jesus.

A favor dos que querem a volta do Mister ao Ninho está a presença de Marcos Braz, dirigente que o contratou em 2019. A ótima relação facilita a negociação, e as conversas entre os dois têm sido constantes. Os primeiros contatos foram feitos na manhã de terça-feira.

Possível opositor à volta de Jesus por conta da saída abrupta em 2020 após renovação, Landim em nenhum momento vetou a contratação. Ou seja, não é entrave. Ele mesmo também já pegou o telefone e conversou com o português.

- Divisão da pressão

Marcos Braz, Bruno Spindel e Rodolfo Landim sabem que a chegada de Jorge Jesus atenuaria a pressão sobre os três. O português, figura centralizadora, chamaria a responsabilidade para si e diminuiria os holofotes voltados para o trio.

Uma prova de que o português diminuiria a panela de pressão na qual está colocada a diretoria do Flamengo foi a chegada a Maringá. Apesar da goleada sofrida para o Fluminense e o consequente vice-campeonato estadual, os torcedores paranaenses não fizeram nenhum protesto na chegada do time. Ou seja, mesmo à distância, Jesus já atuou como escudo.

O que afasta?

- Atuações como a contra o Maringá

Com o elenco que tem, o Flamengo espera conseguir melhores cenários nos dois próximos jogos, contra Coritiba e Ñublense, ambos no Maracanã, mas resultados como o desta quinta-feira trazem reflexões.

Não apenas a situação em que o Flamengo se colocou na Copa do Brasil preocupa, o nível da atuação também liga o sinal de alerta com contundência, e isso tem incomodado muito até os próprios jogadores.

Se há atletas favoráveis ao retorno de Jesus por toda a relação criada em 2019/2020, existem alguns que preferem a mudança imediata e a presença de um treinador que mexa com os brios da equipe. O time foi muito apático e burocrático no Paraná, algo que já havia demonstrado na final do Carioca.

Após a derrota em Maringá, o capitão Everton Ribeiro evitou fazer comentários sobre a possível volta de Jorge Jesus, mas afirmou que o clube precisa ser ágil na atual conjuntura.

- É bom que se resolva o mais rápido possível, mas, independentemente de quem vier, muito se passa pelo que a gente fizer dentro do campo. Sobre (Jorge Jesus) ser o nome ideal no momento, é uma decisão da direção. O professor Mário (Jorge) veio para nos ajudar, a diretoria deu carta branca para ele e precisamos trabalhar mais. Ele fez bons treinos, com boas ideias, mas não conseguimos colocar em prática no jogo (contra o Maringá). A gente pode mais, com certeza estamos devendo.

- Indefinição do fim da Copa Turquia e desejo por taça de JJ

Sem nenhuma conquista desde que deixou o Flamengo, Jorge Jesus tem como grande objetivo levantar uma taça antes de se despedir do Fenerbahçe. Há também a questão do contrato, algo que ele não quer descumprir, porém a esperança de ser campeão é grande, especialmente na Copa da Turquia, onde os rivais Besiktas e Galatasaray já estão eliminados.

A indefinição das datas da Copa da Turquia, porém, pode adiar ainda mais a chegada de Jesus ao Flamengo. O último compromisso dele pelo clube, no momento, está marcado para 4 de junho, quando Fenerbahçe e Galatasaray fazem clássico que pode apontar o campeão. Não está descartado, porém, que a final da Copa da Turquia seja disputada após o duelo derradeiro válido pela liga.

Durante as conversas com o Flamengo, Jesus deixou claro quer deixar a Turquia como campeão. Na principal competição, o Campeonato Turco, o Fener é vice-líder com 57 pontos, seis a menos do que o Galatasaray, mas há ainda 11 partidas a serem jogadas e um confronto direto.

Ou seja, por ora, a Copa da Turquia é mais factível e, para a preocupação da diretoria, pode terminar mais tarde.

- Sampaoli como forte alternativa

Num momento de escassez de treinadores disponíveis, o Flamengo tem duas ótimas opções. Além de Jesus, Jorge Sampaoli é muito bem avaliado. Além da bênção de Rodolfo Landim, que gosta do trabalho do argentino, o fato de estar familiarizado com o futebol brasileiro ajuda muito. Conta também a facilidade de tê-lo imediatamente.

Sampaoli deseja dirigir o Flamengo e morar no Rio de Janeiro, onde tem residência fixa, mas vislumbra outras oportunidades no mercado internacional. Ou seja, a diretoria pode mirar em dois Jorges e terminar sem nenhum.

Esperar ou não o preferido da torcida? O Flamengo precisa resolver rapidamente esse impasse e, de alguma forma, deixar sua escolha bem clara. Só assim torcida, direção e especialmente os jogadores terão um norte para tentar reagir numa temporada que até agora é desastrosa.