Cheikh Sarr, que interrompeu jogo do Rayo Majadahonda após insultos, detalha sentimento diante de atos racistas, mas diz que se desculpa pela imagem do mundo do futebol
Madri - O goleiro Cheikh Sarr, jogador do Rayo Majadahonda que não se calou ao sofrer insultos racistas no sábado passado, afirmou que se arrependeu da reação no campo e chegou a pedir desculpas em sua primeira entrevista coletiva após o episódio, nesta terça-feira.
- Foi minha cabeça, estava quente e peço desculpas ao mundo do futebol pela minha reação. Se acontecesse comigo de novo, não reagiria da mesma forma - disse Sarr.
Ao ser questionado por que estava pedindo desculpas, uma vez que era a vítima do ato racista, o goleiro admitiu o incômodo diante dos insultos que ouviu das arquibancadas no confronto contra o Sestao River. Mas reiterou que gostaria de se desculpar pela reação de ir até os torcedores que foram preconceituosos.
- Isso me irrita muito, mas é preciso ter um pouco de respeito e acho que é o mais correto a se fazer. Se você é a vítima, tem que pedir desculpas ao mundo do futebol - pontuou.
A partida foi suspensa aos 45 minutos do segundo tempo após o time de Sarr se recusar a voltar a campo. Sarr recebeu apoio dos companheiros após ser vítima de racismo. A equipe do goleiro senegalês perdia por 2 a 1 quando o jogo foi interrompido.
Sarr disse que espera que o episódio possa ajudar a haver uma mudança de postura contra o racismo no futebol. E apontou que “já sabe como reagir” se voltar a ser insultado de forma racista durante uma partida, contando que não foi a primeira vez que foi vítima de preconceito e citando que “não aguentou” os gritos dos torcedores.
- O pior momento foi quando me insultou. Minha intenção era pular e falar com ele, pegá-lo, saber se tinha família e perguntar por quê. Era alguém mais velho, acho que ele tinha uma criança e deveria ser um exemplo - comentou.
Sarr voltou a agradecer o apoio de Vinicius Junior após o episódio. O atacante do Real Madrid fez um post nas redes sociais no qual citou os insultos sofridos pelo jogador do Rayo Majadahonda e outros dois casos no mesmo dia na Espanha.
O goleiro ainda corre risco de ser suspenso por até oito jogos após ir até a arquibancada para reagir aos atos racistas, uma vez que foi expulso pelo árbitro da partida.
- Minha reação com o árbitro não foi agressiva. Fui contar porque ele não estava lá, e me deu o cartão vermelho. Queria fazer isso com todo o respeito do mundo. Repito, acho que deveriam perguntar primeiro à vítima. Queria perguntar para que o cartão vermelho. Depois do jogo, algumas horas depois, nos encontramos para conversar sobre o ocorrido.