Time sofre pressão que não está acostumado, tem dificuldades para se impor e expulsão põe defesa à prova, mas resultado é positivo já que tudo está em aberto para o jogo de volta
O Fluminense continuar vivo na Copa do Brasil depois do clássico com o Flamengo na última quarta-feira pode ser considerado um resultado positivo. Poucos seriam os tricolores que, questionados antes da partida, aceitariam tranquilamente um 0 a 0 sem saber do contexto. Mas as circunstâncias da partida fizeram com que esse empate trouxesse a sensação de alívio.
Isso porque o futebol visto no Maracanã foi bem diferente daquilo que o time de Fernando Diniz normalmente exibe. Imprensa, tricolores e até aqueles que não torcem para o Fluminense se acostumaram a ver um time que se impõe mesmo na casa dos adversários sem dó nem piedade. Mas não foi o que aconteceu. O primeiro tempo do Flu foi dos mais sufocantes da equipe no ano.
Sem conseguir sair para o jogo e ditar o ritmo da partida, algo que faz em quase todas as outras partidas, o Fluminense teve dificuldade. Enquanto não se arrumava em campo, o time via o maior rival crescer no jogo por possivelmente ter começado mordido com o resultado do último encontro.
Como Fernando Diniz comentou na entrevista coletiva, o Fluminense começou o jogo em uma rotação abaixo. Sufocado ao sair jogando, por muito pouco não viu a bola sair do seu campo defensivo. Além da forte pressão rubro negra, há de se ressaltar a estratégia do time adversário em fazer as seguidas faltas táticas para impedir que o Flu prosseguisse com a bola. No fim do jogo foram 20 faltas sofridas pela equipe e nenhum cartão amarelo.
Sem Alexsander, Keno e Martinelli, Fernando Diniz mandou Gabriel Pirani para atuar mais pelo lado esquerdo. No primeiro tempo, apesar de não aparecer tanto no ataque - até por méritos do Flamengo, que conseguiu sufocar o jogo - era visível observar a função que ele tinha defensivamente. Muitas vezes era possível observar o camisa 20 compondo a linha defensiva praticamente como um lateral-esquerdo, para evitar as investidas do Flamengo nas costas de Marcelo.
Uma das saídas para o Fluminense se desvencilhar da forte marcação adversária era apostar mais nas viradas de jogo. Já que o Flamengo apertava a marcação e fazia o mesmo que Diniz quando tem a bola (concentrar jogadores onde ela está) a saída poderia estar em trocar o corredor das ações com velocidade. Com o passar do primeiro tempo, o adversário também arrumou isso e deixava sempre um jogador na marcação dessa opção de virada de jogo.
Depois de defesas de Fábio, bola na trave e chute passando rente ao gol, os angustiantes 45 minutos iniciais terminaram. Era o alívio que a torcida do Fluminense tinha somado à esperança de que Fernando Diniz iria dar uma briga homérica daquelas e consertar o time para o segundo tempo.
Não dá para dizer que isso aconteceu e nem afirmar que não foi o caso. Já que Felipe Melo foi expulso por volta dos cinco minutos da etapa final, o Fluminense jogou quase todo o segundo tempo com um homem a menos. O volante improvisado como zagueiro interrompeu um contra-ataque de Gabigol, era o último defensor e foi corretamente expulso. Mas ali a apreensão cresceu e só foi diminuir no apito final de Anderson Daronco.
Entre o momento do cartão vermelho e do fim do jogo, era mais domínio rubro-negro. O Flamengo rodava a bola na área do Fluminense, que se defendia de forma muito compacta, às vezes até com seis jogadores na linha de defesa e Cano - como jogador mais avançado - pouco à frente da meia-lua. O Flu evitou os chutes mais perigosos do adversário, mas ainda assim sofreu.
E por mais que tenha penado na defesa, até conseguiu levar um susto ou outro ao gol adversário. Claro que não teve a mesma presença, como os números de finalizações mostram (7 x 19), mas ainda manteve uma característica de jogo ao manter a busca pela troca de passes nas construções da jogada. Ao mesmo tempo, não economizou nos chutões quando era preciso respirar.
Apesar de o senso-comum nos mostrar que time que joga com um a menos tem mais dificuldades, o Fluminense conseguiu se defender melhor no segundo tempo do que no primeiro. Sofreu com as chegadas adversárias, sim, mas esteve menos bagunçado e mais concentrado no que deveria fazer em campo para evitar a desvantagem no segundo jogo.
Naturalmente o placar de 0 a 0 deixa os dois times com chances equivalentes na decisão de 1ºde junho, data do jogo de volta, às 20h (de Brasília), também no Maracanã. Isso pode chatear aquele torcedor que não assistiu ao jogo e se acostumou com um futebol mais vistoso. Porém, para o que foi o jogo de quarta, está de ótimo tamanho.