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Venezuela: González se recusa a ir a tribunal e pode ser preso por regime de Maduro

Venezuela: González se recusa a ir a tribunal e pode ser preso por regime de Maduro

Oposicionista alegou ilegalidade no processo enquanto a repressão política na Venezuela intensifica-se com prisões e acusações

O candidato da oposição à presidência da Venezuela, Edmundo González, anunciou que não comparecerá à audiência judicial convocada pelo Tribunal Supremo de Justiça nesta quarta-feira (7). González, que afirma ter vencido as eleições no país, alegou que a audiência é ilegal e afirmou ter sido informado sobre a convocação apenas através da mídia.

O regime de Maduro advertiu que González poderá receber uma ordem de prisão caso continue a faltar às convocações judiciais. Na quinta-feira (1º), Nicolás Maduro anunciou a prisão de mais de 1.200 pessoas após protestos desencadeados pela eleição de 28 de julho, e prometeu capturar outras mil.

“Se eu fosse, estaria em situação de absoluto desamparo”, declarou González em suas redes sociais. “O trâmite (...) não se corresponde com nenhum procedimento legal contemplado pela Lei Orgânica do Tribunal Supremo de Justiça ou de outra lei sobre a jurisdição eleitoral”.

González também acusou o Tribunal Supremo, composto em sua maioria por juízes alinhados ao regime de Maduro, de usar o Judiciário para “’certificar’ resultados que ainda não foram produzidos de acordo com a Constituição e a lei, com acesso dos partícipes às atas originais”.

Ele não compareceu à convocação anterior do tribunal, realizada na sexta-feira (2), onde deveria ter assinado um termo de aceite do resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que proclamou a reeleição de Maduro.

Maduro também afirmou que María Corina Machado e Edmundo González deveriam “estar atrás das grades” e prometeu que “a justiça chegará para eles”. María Corina Machado expressou temores de ser presa também, conforme relatado em um artigo publicado no “The Wall Street Journal”.

Prisão de Coordenadora Regional da Oposição

Na noite de terça-feira (6), uma chefe de campanha do bloco de oposição venezuelana, María Oropeza, foi presa, conforme confirmado por María Corina Machado. Oropeza, coordenadora regional do partido Vente Venezuela, fez uma transmissão ao vivo do momento de sua detenção. “Eu não fiz nada de errado”, disse Oropeza na transmissão.

O vídeo mostra homens, alguns encapuzados, arrombando a porta do imóvel onde Oropeza estava e subindo a escada para a detenção sem apresentar ordem de prisão. O partido Vente Venezuela afirmou que Oropeza foi “sequestrada” por forças do regime e que nenhuma ordem judicial foi apresentada.

Horas antes de sua prisão, Oropeza havia criticado a criação de uma linha telefônica pelo governo para denúncias de “crimes de ódio” contra Maduro. Corina Machado pediu que os moradores de Guanare se dirigissem à avenida 17 com a rua 8 para protestar contra a prisão de Oropeza.

Oropeza era chefe da campanha de Edmundo González no estado de Portuguesa e coordenava anteriormente a campanha de María Corina Machado, até ser impedida de concorrer à presidência pelo Tribunal Supremo da Venezuela.

A Crise Eleitoral na Venezuela

A crise política na Venezuela se intensificou após as eleições de 28 de julho, nas quais o CNE declarou Nicolás Maduro vencedor com 51,95% dos votos. Edmundo González, o principal opositor, recebeu 43,18% dos votos. O resultado do CNE tem sido contestado pela oposição e pela comunidade internacional, que pediu a divulgação das atas eleitorais.

Uma contagem independente das atas eleitorais realizada pela Associated Press (AP) indicou que González venceu com uma diferença de 500 mil votos. O CNE alegou atraso na contagem devido a um ataque cibernético. A oposição afirma ter acesso a mais de 80% das atas e lançou um site para divulgar os documentos.

Os Estados Unidos, Panamá, Costa Rica, Peru, Argentina e Uruguai declararam que González venceu as eleições, enquanto a Organização dos Estados Americanos (OEA) também não reconheceu o resultado, citando indícios de manipulação eleitoral. Brasil, Colômbia e México pediram a divulgação das atas e a resolução do impasse eleitoral por meios institucionais.