Mandatário ucraniano ainda disse que é difícil realizar negociações com os russos
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou em uma entrevista neste domingo (10) que a cidade portuária de Mariupol, ao sul do país, é “o coração da guerra” no momento.
“Combatemos, somos fortes. Se pararmos de combater, teremos posições mais fracas”, disse referindo-se às negociações em andamento com a Rússia em uma entrevista para a agência Associated Press.
Questionado sobre as conversas com Moscou, o presidente reconheceu que “ninguém quer negociar com uma pessoa ou com pessoas que torturaram a nossa nação”.
“E isso é compreensível. Como homem, como pai, eu entendo muito bem. Mas, nós não queremos perder a oportunidade, se a tivermos, de uma solução diplomática. Nós precisamos combater, combater pela nossa vida. Por isso, é importante por fim a essa guerra”, acrescentou na entrevista.
Mariupol é uma cidade estratégica ao sul do país e que está sitiada pelas tropas russas desde os primeiros dias da guerra, ainda em fevereiro.
A situação humanitária é dramática, com cerca de 100 mil pessoas ainda presas na cidade sem auxílio constante, sem alimentos e remédios. As autoridades locais estimam ao menos cinco mil mortes e 90% dos prédios foram completamente destruídos.
Neste domingo, o conselheiro do prefeito de Mariupol, Petro Andryushchenko, voltou a acusar os russos de matar civis nas ruas da cidade - assim como ocorreu em outras localidades ucranianas.
“Os ocupantes russos organizaram uma ‘operação de limpeza’ entre os civis. Essa é a tal ‘busca de nazistas’. Um nazista para um russo é alguém que ama a Ucrânia e não se submete à ocupação. No processo de limpeza, os ocupantes não estão hesitando em matar civis pelas ruas, para depois tirar uma foto e tirar vantagem da ‘vitória’”, disse em seu canal no Telegram.
Donbass
Já em entrevista à “CNN”, o conselheiro e chefe da delegação ucraniana nas negociações com a Rússia, Mykhailo Podolyak, afirmou que uma reunião entre Zelensky e o presidente russo, Vladimir Putin, só deve acontecer depois da “batalha no Donbass”.
“A Ucrânia está pronta para grandes batalhas e a Ucrânia deve vencê-las, especialmente, no Donbass. Depois disso, a Ucrânia terá uma posição negocial muito mais forte, com a qual poderá dar algumas condições. Depois disso, os presidentes vão se encontrar - o que poderia pedir de duas a três semanas”, disse Podolyak.
Já o chefe da administração militar regional de Lugansk, Serhiy Haidai, afirmou à agência ucraniana Unian que Kiev está esperando um guerra de grandes proporções na região separatista do Donbass - que inclui Lugansk e Donetsk.
“Estamos esperando uma ofensiva de três ou quatro dias. Eles estão ainda indo devagar porque não querem repetir a estúpida guerra relâmpago - que, ao contrário, está se arrastando há muitos dias”, afirmou o representante.
A Rússia anunciou, há cerca de duas semanas, que iria parar de fazer ataques contra a região próxima a Kiev e a Kharkiv para focar seus esforços na área separatista do Donbass e ao sul do território. Apesar de ainda haver ações pontuais próximas à segunda, a área da capital ucraniana foi retomada pelas forças nacionais.