Funcionários e voluntários usam caixas de papelão e madeira improvisadas para armazenar artigos medievais
Lviv era considerada a “capital cultural” da Ucrânia. Agora, as paredes no Museu Nacional que fica na cidade estão vazias. Em meio à invasão militar da Rússia no país, funcionários de instituições culturais e voluntários correm contra o tempo para tentar salvar artigos históricos preservados na região.
“Hoje vemos como a Rússia está bombardeando áreas residenciais e até mesmo pessoas que estão fugindo. Eles garantiram que não (fariam isso), mas agora não podemos confiar neles. E precisamos cuidar do nosso patrimônio porque este é o nosso tesouro nacional”, disse à CNN o diretor do Museu Nacional de Lviv, Ihor Kozhan.
A guerra já atingiu um museu de Ivankiv, na região de Kiev. O local abrigava cerca de 25 obras de Maria Prymachenko (1908 - 1997), uma das pintoras mais famosas do país, admirada por artistas como Pablo Picasso e Marc Chagall.
Patrimômio Mundial
O centro histórico de Lviv é um Patrimônio Mundial da Unesco e o museu abriga a coleção de arte sacra medieval mais completa do país, além de raros manuscritos religiosos. Conforme a CNN, não há tempo de aguardar a chegada material para armazenamento. Por isso, livros, pinturas e outros artefatos estão sendo colocados em embalagens improvisadas.
Nesta semana, até caixas de papelão destinadas ao transporte de bananas para supermercados foram usadas. Uma bíblia de mil anos, com adornos em ouro, foi um dos objetos guardados dessa forma.
Em locais religiosos a possível destruição também causa temor. A Catedral Armênia de Lviv armazenou uma escultura de madeira medieval que representa a crucificação de Jesus Cristo. Na Catedral Latina, construção que sobreviveu a Segunda Guerra Mundial, há enormes vitrais cobertos com placas de aço. Em toda a cidade, há estátuas envoltas em plástico bolha.
Mesmo temendo o pior, o patrimônio de Lviv aparentemente está mais seguro do que o de locais como Kiev e Kharkiv, que têm sido alvo de uma ação mais intensa das tropas russas. Por isso, há planos de que a cidade receba — se possível e necessário — artigos de outras regiões.
“Estamos prontos para ajudar da maneira que pudermos, para todos os museus do país agora em perigo”, disse Kozhan.