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Brasil/Mundo

Ucrânia adia evacuação de Mariupol por não cumprimento de cessar-fogo

A Rússia havia declarado um cessar-fogo parcial na cidade

Um  cessar-fogo temporário e parcial das forças russas em torno da cidade ucraniana de Mariupol foi anunciado neste sábado, mas a trégua, que permitiria que civis deixassem a cidade durante um período de cinco horas, não foi cumprida e a prefeitura adiou a evacuação da cidade.

Segundo a agência de notícias russa RIA, os civis poderiam deixar Mariupol  e Volnovakha entre meio-dia e 17h (das 9h às 14h no horário de Brasília). Além disso, suprimentos e medicamentos também poderiam chegar à cidade durante o período.

Mas, apesar de a Rússia garantir que as tropas que cercaram a cidade portuária do Mar de Azov, no sul da Ucrânia, parariam de atirar, o cessar-fogo não foi cumprido e o prefeito de Mariupol, Vadim Boichenko, adiou a retirada de seus cidadãos.

“A retirada de civis foi adiada por razões de segurança, já as forças russas continuam bombardeando Mariupol e seus arredores”, afirmou a prefeitura no Telegram, pedindo que os civis que estavam reunidos nos pontos de saída da cidade “retornem para os refúgios”.

“Negociações estão em curso com a Rússia para estabelecer um (cessar-fogo) e garantir a instalação de um corredor humanitário”, acrescentou.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, por sua vez, disse que a Rússia está verificando as informações. Mais cedo, Boichenko havia dito que a trégua permitiria um trabalho de restauração da  infraestrutura destruída pelos bombardeios. A cidade, que em um período normal tem cerca de 450 mil habitantes, está há alguns dias sem energia elétrica, alimentos, água, gás e transportes.

Um funcionário da ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF), que está em Mariupol com sua família, contou que eles recolheram “neve e água da chuva” diante da impossibilidade de conseguir água devido às longas filas nos locais de distribuição.

“Queríamos conseguir também o pão social (distribuído pelas autoridades locais), mas o horário e os pontos de distribuição não estavam claros. Segundo a população, muitos armazéns foram destruídos pelos mísseis e o que sobrou foi levado pelas pessoas mais necessitadas” disse.

Localizada a cerca de 55 km da fronteira russa e a cerca de 85 km do reduto separatista de Donetsk,  apoiado pela Rússia, Mariupol é até hoje a maior cidade nas mãos de Kiev na área de Donbass, que inclui as regiões de Donetsk e Lugansk, parte delas sob o controle de rebeldes pró-russos.

Por isso, o controle da cidade tem caráter estratégico para Moscou, já que permitiria garantir uma continuidade territorial entre suas forças procedentes da península da Crimeia e as unidades dos territórios separatistas pró-Moscou.

O conselheiro do Ministério do Interior ucraniano, Anton Herashchenko, disse neste sábado que devem ser feitos outros acordos com a Rússia sobre o estabelecimento de corredores humanitários para evacuar civis das comunidades da linha de frente.

“Definitivamente haverá mais acordos como este para todos os outros territórios” disse.

Apesar do anúncio de trégua, não cumprido até agora, forças de Moscou continuaram com suas ofensivas durante a madrugada. As tropas russas se aproximam ao mesmo tempo da capital, Kiev, onde encontram uma intensa resistência, e da cidade de Chernihiv, ao norte, alvo de bombardeios constantes.

Em dez dias de guerra, Moscou já conquistou o controle de duas cidades importantes em 10 dias de invasão: Berdiansk e Kherson, na costa do Mar Negro, sul da Ucrânia.