Presidente tenta afastar diretora Lisa Cook por suposta fraude hipotecária
O Tribunal de Apelações do Distrito de Columbia determinou que o governo Donald Trump apresente até as 15h deste domingo (14) sua resposta no processo envolvendo a diretora do Federal Reserve (Fed), Lisa Cook. O presidente tenta removê-la do cargo sob a alegação de fraude hipotecária, acusando-a de falsificar registros para obter melhores condições em um empréstimo imobiliário.
Na sexta-feira (12), documentos divulgados pela Reuters e analisados pelo New York Times trouxeram indícios de que Cook teria declarado uma casa comprada em Atlanta, em 2021, como “residência de férias” — o que enfraqueceria o argumento de que ela teria classificado duas propriedades como “residência principal”, prática que configuraria fraude.
Apesar da nova evidência, críticos mantêm as acusações. Bill Pulte, diretor da Agência Federal de Financiamento Habitacional e primeiro a levantar suspeitas sobre o caso, afirmou que os registros não isentam a diretora. Ele já havia encaminhado o assunto ao Departamento de Justiça, que abriu investigação criminal.
A disputa ocorre às vésperas de uma reunião decisiva do Fed, na qual se espera a discussão sobre cortes nas taxas de juros. O governo Trump pediu ao tribunal a suspensão da participação de Cook, mas uma decisão anterior já havia bloqueado sua remoção.
O juiz de primeira instância considerou que a Lei do Fed exige justificativas relacionadas ao exercício do cargo, o que não estaria presente no caso.
Advogados de Cook sustentam que a tentativa de barrar sua presença ameaça a independência do banco central e poderia gerar instabilidade nos mercados. Para o professor Adam Levitin, da Faculdade de Direito de Georgetown, os documentos mais recentes indicam que não há base para manter uma ação criminal.
Cook não foi formalmente acusada ou condenada por fraude. Os novos registros não eliminam dúvidas, mas sugerem que ela pode ter informado corretamente ao menos parte de seus planos ao credor.