Autoridades de Justiça dos Estados Unidos descreveram uma manipulação “flagrante” do ex-presidente
Na quinta reunião do painel da Câmara que investiga a invasão do Capitólio dos Estados Unidos, os parlamentares destacaram a pressão de Donald Trump, ex-presidente do país, para que os funcionários empenhados na campanha alegassem - sem provas - que sofreu fraude eleitoral no processo que elegeu Joe Biden.
Segundo agências internacionais, os políticos analisaram os esforços “descarados” o empresário para que o Departamento de Justiça se transformasse em uma espécie de escritório de advocacia “pessoal” para que a eleição fosse anulada.
Beennie Thompson, presidente do Comitê, afirmou que “Donald Trump não só queria que o Departamento de Justiça investigasse, ele queria ajuda para legitimar suas mentiras, para chamar a eleição de fraude sem fundamento”.
Uma semana antes da invasão do Capitólio, Trump tentou colocar um de seus homens de confiança à frente do órgão, o que sia “uma tentativa descarada de usar o Departamento de Justiça para promover a agenda política pessoal do presidente”, completou Thompson.
Depoimento procurador-geral
Jeffrey Rosen, que assumiu como procurador-geral após a renúncia de Bill Barr, disse que era acionado quase que diariamente por Trump de dezembro de 2020 a janeiro de 2021.
“Em uma ocasião, ele levantou a possibilidade de ter um advogado especial para fraude eleitoral. Em outras ocasiões, ele sugeriu que eu me encontrasse com seu gerente de campanha, Sr. (Rudy) Giuliani”, disse.
“Em outro momento, ele levantou se o Departamento de Justiça iria processar a Suprema Corte. Em alguns momentos, houve dúvidas sobre fazer declarações públicas ou realizar entrevistas coletivas”, acrescentou.
Apesar das inúmeras denúncias de Fraude, ele afirma que não recebeu provas de que algo estava errado com as eleições. Foi nesse momento que Jeffrey Clark, um funcionário até então desconhecido e de nível médio do departamento, ficou em evidência.
Jeffrey Clark
Clark abraçou as teorias de Trump e enviou uma carta para a Assembleia do Estado da Georgia contrariando o que havia sido apurado, e informando que haviam evidências de fraude generalizada. Outros funcionários, o entando, teriam se recusado a assiná-la. Eric Herschmann, advogado de Trump na Casa Branca, chegou a dizer em depoimento que o plano equivaleria “cometer um crime”.
O funcionário poderia ter sido nomeado procurador-geral, não fosse a discordância dos membros do partido em uma reunião na Casa Branca.
Sean Penn
Trazendo ainda mais holofotes para a audiência, o ator Sean Penn esteve na Câmara durante os depoimentos. Ele foi ao local a convite de Michael Fanone, ex-policial ferido no ataque ao Capitólio. “Estou aqui apenas para observar, como qualquer outro cidadão”, disse.
Mudança de calendário
Em razão do aparecimento de novas evidências - imagens do documentarista Alex Holder, que esteve com Trump e sua família antes e depois do ataque, Thompson afirmou que deve haver uma mudança no cronograma da investigação, “incluindo a possibilidade de audiências adicionais”.