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‘Tomada de Lima’: onda de protestos no Peru chega à capital

‘Tomada de Lima’: onda de protestos no Peru chega à capital

Mais de 50 mortes foram registradas desde dezembro, quando as manifestações começaram após a prisão do ex-presidente Pedro Castillo

A onda de protestos no Peru chegou à capital nesta quinta-feira (19). Milhares de manifestantes se reuniram nas ruas de Lima para pedir a renúncia da presidente Dina Boluarte .

Com a convocação para a “ tomada de Lima “ - movimento lançado por diversos grupos que pedem a renúncia de Boluarte e a realização de novas eleições - foi a primeira vez que a capital presenciou atos tão violentos como os ocorridos em outras partes do país.

Houve um confronto entre os protestantes e as tropas de choque da polícia nas principais avenidas da capital. Os policiais dispararam gás lacrimogêneo e formaram cordões de isolamento para impedir o avanço das movimentações.

A Polícia do Peru publicou um vídeo do confronto entre policiais e manifestantes.

A instituição também postou o vídeo de um incêndio em um prédio nos arredores da Praça San Martín, no centro histórico da capital.

A imprensa local afirmou que várias pessoas ficaram feridas, incluindo manifestantes e policiais.

O primeiro-ministro, Alberto Otálora, anunciou que o governo estendeu o estado de emergência para todo o país, incluindo Lima, o que restringe alguns direitos civis.

“[Autoridades mobilizaram] 11.800 efetivos nas ruas para controlar os distúrbios, além de veículos militares e da participação das Forças Armadas”, disse o chefe da polícia de Lima, general Víctor Zanabría.

Protestos no Peru já deixaram mortos e feridos

Até o momento, já foram contabilizados 54 mortos e mais de mil feridos desde o início dos atos, em 7 de dezembro. Os protestos são palco de confrontos, incêndios e até da paralisação de aeroportos.

Milhares de pessoas de diferentes partes do país se reuníram na praça San Martín, na praça Dos de Mayo e no campus da Universidad Nacional Mayor de San Marcos, onde recebem abrigo, alimentação e outros tipos de assistência.

Todos os postos de saúde do país estão em alerta vermelho, já que o Ministério da Saúde espera que os protestos na capital se repitam em outros lugares. Além disso, as aulas das universidades foram canceladas.

Entenda a onda de protestos no Peru

A intensa crise no Peru se iniciou com a prisão do ex-presidente Pedro Castillo, em 7 de dezembro, que foi deposto pelo Congresso após uma tentativa fracassada de autogolpe de Estado. Ele tentou fechar o Parlamento, governar por decretos e convocar uma Assembleia Constituinte.

Seguindo as normas da Constituição, sua então vice-presidente, Dina Boluarte, assumiu o cargo — e logo surgiram manifestações de protesto.

Em resposta aos protestos, Boluarte afirma que não pretende renunciar. Entretanto, ela convidou os descontentes a se manifestarem pacificamente em Lima.

Boluarte também ofereceu a possibilidade de diálogo, mas barrou a possibilidade de abordar questões como a dissolução do Congresso ou a reforma constitucional por estarem além dos poderes presidenciais.

Logo após suceder Castillo, ela planejava concluir o mandato de seu antecessor e permanecer no cargo até 2026.

Entretanto, com os protestos ela propôs antecipar as eleições — e um acordo preliminar foi votado no Congresso para que sejam realizadas em abril de 2024.

O governo prometeu uma investigação sobre todas as mortes nos protestos, e o Ministério Público abriu um processo preliminar contra a presidente e primeiro-ministro, Alberto Otárola.