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Senador defende separar temas no PL das Fake News

Senador defende separar temas no PL das Fake News

Criador do texto, Alessandro Vieira não vê necessidade de inclusão de cobrança para publicações jornalistas e defende regulação das Inteligências Artificiais

O senador Alessandro Vieira (MDB-SE) defendeu, em conversa com a coluna, a retirada do trecho que estabelece o pagamento para publicações de empresas jornalísticas no PL das Fake News. Para Vieira, a proposta merece ser discutida, mas em outro projeto a ser tramitado no Congresso Nacional.

No texto travado na Câmara dos Deputados, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), relator da proposta, incluiu um dispositivo que obriga as big techs a pagarem empresas jornalistas pelas publicações verdadeiras nas redes sociais. A ideia é uma tentativa do parlamentar de valorizar o jornalismo para reduzir a propagação de notícias falsas na internet.

Ao iG, Alessandro Vieira afirmou que o tema é discutido em outras partes do mundo e valorizou a ideia de se debater a ideia no Brasil. Entretanto, o parlamentar vê o tema como um entrave para agilizar a aprovação e não vê necessidade de entrar nessa seara no próprio projeto.

“Você teve o acréscimo de algumas coisas que na minha visão não são necessárias, embora se tenha o mérito, como o caso da remuneração do conteúdo jornalístico. É muito importante e alguns países do mundo já vem tratando disso, mas misturar isso com regulação das ferramentas para evitar crimes e fake news, eu acho que não é o melhor caminho”, afirmou.

O PL das Fake News deve retomar o protagonismo na Câmara em fevereiro, quando o Legislativo retoma os trabalhos. A morte da menina Jéssica Vitória por informações falsas divulgadas, além do uso das redes sociais nas eleições municipais, ascenderam o alerta nos corredores do Congresso e deve agilizar a tramitação da proposta.

O projeto era para ter sido discutido na metade de 2023, mas os termos econômicos fizeram as big techs pressionarem os deputados, o que obrigou o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), a engavetar o texto temporariamente. Dessa vez, o próprio Lira estaria engajado na proposta e uma reunião com Orlando Silva deve sacramentar a proposta como uma das prioridades do Congresso neste começo de ano.

Outro fator que preocupa o Legislativo é o uso da Inteligência Artificial nas eleições deste ano. Deputados, senadores e candidatos às prefeituras das principais cidades do país têm demonstrado preocupações com a criação de vídeos e áudios com as próprias vozes e o potencial destrutivo em plena campanha eleitoral.

O PL das Fake News não contempla regras para as IAs e a tendência é que uma regulamentação não seja apresentada no projeto. Vieira também defende estipular regras para o setor, mas acredita que uma nova proposta sobre o tema possa tramitar no Congresso nos próximos meses.

“Precisamos de legislação. Acho que talvez o caminho mais eficiente seja receber o texto que vem da Câmara, fazer os ajustes apenas necessários e ter uma lei de válida. Ao mesmo tempo, se agiliza a tramitação de um projeto sobre as inteligências artificiais para cuidar especificamente desse tema e tratar com a urgência necessária”, declarou o senador.