Pontífice se encontrou, em 21 de abril, no Vaticano, com o primeiro-ministro da Hungria que lhe informou sobre a possível decisão russa
O papa Francisco revelou que foi informado pelo primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, de que a Rússia tinha o plano de encerrar a guerra na Ucrânia no dia 9 de maio , quando Moscou celebra a derrota dos alemães nazistas na União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, em 1945.
O pontífice e o político se encontraram no dia 21 de abril no Vaticano. Nesta terça, em entrevista publicada pelo jornal italiano Corriere della Sera, Francisco disse ter esperança, mas está pessimista com a possível data para o fim do conflito.
“Orbán, quando o encontrei, me disse que os russos têm um plano: em 9 de maio tudo estará acabado. Espero que assim seja, para que também entendamos a velocidade da escalada dos dias de hoje. Porque agora não é só Donbass, é a Crimeia, é Odessa, a Rússia está tirando o porto do Mar Negro da Ucrânia. Estou pessimista, mas devemos tomar todas as atitudes possíveis para parar a guerra” ressaltou o papa.
Moscou já negou qualquer mudança na invasão militar ao país vizinho no dia 9 de maio. Em entrevista à televisão italiana Mediaset, transmitida no domingo, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que “os militares não ajustarão artificialmente as suas ações a qualquer data, incluindo o Dia da Vitória”.
Encontro com Putin
Na mesma entrevista ao Corriere della Sera, Francisco contou que após 20 dias de guerra, enviou a Moscou uma solicitação para se encontrar com o presidente Vladimir Putin, mas até hoje não recebeu nenhuma resposta.
“Ainda não recebemos uma resposta e continuamos insistindo, mesmo que eu tema que Putin não possa e não queira ter este encontro agora. Mas tanta brutalidade... como não parar? Vinte e cinco anos atrás, vivemos a mesma coisa com Ruanda” disse Francisco, lembrando da guerra que matou mais de 800 mil pessoas no país africano.
Francisco ainda revelou que recebeu pedidos para visitar Kiev, mas gostaria de viajar para Moscou antes.
“Não vou agora a Kiev. Enviei o cardeal Michael Czerny e o cardeal Konrad Krajewski. Mas sinto que não preciso ir. Primeiro tenho que ir a Moscou, primeiro tenho que conhecer Putin. Faço o que eu posso” ressaltou.