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Rússia perdeu oito aviões em explosões em base aérea na Crimeia

Rússia perdeu oito aviões em explosões em base aérea na Crimeia

Causas das detonações seguem incertas, mas há indícios de ataques com participação de guerrilheiros

Imagens de satélite mostraram danos aparentemente extensos em edifícios e aeronaves na base aérea russa na Península da Crimeia onde grandes explosões foram registradas na terça-feira.

Imagens divulgadas pela Planet Labs, uma empresa de imagens de satélite, na quarta-feira pareciam mostrar pelo menos três crateras de explosão em áreas onde havia aviões estacionados.

O New York Times revisou imagens de satélite da Base Aérea de Saki, coletadas pelo Planet Labs horas antes e um dia depois das explosões. As imagens mostram pelo menos oito aeronaves — caças-bombardeiros Su-24 e Su-30, mais especificamente — destruídas, todas estacionadas na pista oeste da base.

Os aviões custam dezenas de milhões de dólares cada. Além disso, dois prédios próximos à aeronave parecem ter sido destruídos, e danos e grandes marcas de queimadura foram observados em outros pontos da base. Outros setores, contudo, pareciam intactos, incluindo vários helicópteros e um grande depósito de munição.

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse ontem à noite que a Rússia sofreu perdas significativas nas explosões na terça-feira: “Em apenas um dia, os ocupantes perderam 10 aeronaves de combate, nove na Crimeia e mais uma na direção de Zaporíjia”, disse ele em seu discurso noturno à nação, citando um número que contradiz a contagem do NYT.

Veículos blindados russos, depósitos de munição e rotas logísticas também foram destruídos, acrescentou Zelensky, na primeira vez em que abordou publicamente as explosões na Crimeia.

Ainda não está claro o que provocou as detonações. Autoridades russas negam que ataques ucranianos tenham causado as explosões na base aérea de Saky, a pelo menos 200 quilômetros das linhas de frente mais próximas.

Elas atribuíram o incidente a munições detonadas em um depósito devido a lapsos nos regulamentos de segurança, possivelmente causado por um cigarro.

Um alto funcionário ucraniano disse que as explosões se deveram a um ataque realizado com a ajuda de guerrilheiros, mas não foi mais específico, e os militares ucranianos não reconheceram publicamente qualquer envolvimento.

Falando sob condição de anonimato para discutir assuntos militares delicados, o alto funcionário não divulgou o tipo de arma usada no ataque, dizendo apenas que “foi usado um dispositivo exclusivamente de fabricação ucraniana”.

Analistas militares disseram que a Ucrânia não tem mísseis que possam atingir a base a partir do território que controla, a mais de 160 quilômetros de distância, e que é improvável que os jatos ucranianos penetrassem tão longe no espaço aéreo controlado pela Rússia.

O Ministério da Defesa da Rússia a princípio minimizou a extensão dos danos, dizendo que uma explosão provocada por munição detonada que não deixou vítimas e que nenhum equipamento foi destruído. Posteriormente, autoridades russas disseram que pelo menos uma pessoa foi morta e mais de 10 ficaram feridas.

Yury Podolyaka, um famoso blogueiro militar pró-Rússia que é conhecido por postar atualizações diárias das linhas de frente, chamou as explosões de “um ato de sabotagem associado à negligência”.

“O que os comandantes desta unidade militar pensaram?”, ele disse em uma mensagem de vídeo. “Tenho muitas perguntas para os comandantes deste regimento da Força Aérea . Como vocês podem guardar munições assim”.

Sergei Aksyonov, o líder da Crimeia instalado pelo Kremlin, disse na quarta-feira que pelo menos 62 prédios de apartamentos e 20 estruturas comerciais foram danificados. Ele declarou estado de emergência e elevou o nível de ameaça de terrorismo na península. Os ataques aconteceram perto de praias onde turistas russos se banhavam, aproveitando o verão.

Desde que tomou a Crimeia da Ucrânia em 2014, a Rússia a militarizou fortemente. Desde a invasão em 24 de fevereiro, a área se tornou um ponto de lançamento de operações vital.

Mesmo assim, as explosões na base aérea sugerem que forças ucranianas são capazes de realizar operações dentro do território.