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Rodrigo Garcia faz críticas a Bolsonaro em sabatina no rádio

Rodrigo Garcia faz críticas a Bolsonaro em sabatina no rádio

Candidato à reeleição ao Palácio dos Bandeirantes disse também não acreditar nas ameaças de Bolsonaro ao sistema eleitoral

O governador de São Paulo e candidato à reeleição Rodrigo Garcia (PSDB) afirmou que a polarização política nacional e a discussão ideológica atrapalham o desenvolvimento nacional. O tucano disse também que não busca o eleitor de Lula ou Bolsonaro, mas de São Paulo. Garcia ainda afirmou não acreditar nas ameaças de Bolsonaro ao sistema eleitoral. 

“Não acredito nessas ameaças. Temos hoje uma desarmonia de poderes. Estamos longe de ter uma democracia ameaçada”, afirmou. 

Garcia é o primeiro a ser entrevistado na série de sabatinas com os principais candidatos aos governos de São Paulo, Rio, Minas Gerais e à Presidência da República. O candidato Tarcísio de Freitas (Republicanos) será entrevistado amanhã; e Fernando Haddad (PT), na quarta-feira.

As entrevistas serão transmitidas ao vivo pela rádio e nos sites e redes sociais dos três veículos. Haverá ainda reportagens e análises sobre os encontros. Ao todo, serão quatro semanas de entrevistas presenciais, que terão início às 10h30, com duração aproximada de uma hora e meia. 

‘Eleitor frustrado’ de Bolsonaro

O candidato tucano afirmou ser um “eleitor frustrado” de Jair Bolsonaro. Seu voto no candidato do PSL em 2018, afirmou ele, foi para ver aprovadas as reformas tributária e administrativa, “o que não aconteceu”.

Disse ainda que “São Paulo foi muito prejudicado” pelos conflitos entre o presidente e o ex-governador de São Paulo, João Doria (PSDB-SP), de quem foi vice:

“Essa briga só atrapalhou São Paulo nos últimos anos”. 

Segurança pública foi um dos temas mais debatidos. Garcia disse ser contra o avanço do lobby para redução de impostos para compra de armas no país. Um levantamento do Instituto Sou da Paz, em parceria com o GLOBO, mostra que pelo menos 23 estados têm projetos de lei (PLs) que propõem a alteração da alíquota.

“Sou contra. Arma é produto supérfluo. Não há porque reduzir e dar benefício fiscal para compra de armas”, afirmou.

Garcia disse ainda ser contra o armamento de civis. E afirmou que “quanto mais armas na sociedade civil, mais violência haverá”. 

“Quem tem que fazer a segurança da população é a polícia. Vamos reforçar o combate ao armamento ilegal. Quanto mais armas na sociedade civil, mais violência haverá”, afirmou. 

Garcia se disse favorável à posse de armas, mas contra o porte: 

“Eu pessoalmente sou favorável a posse de armas. Armas legais e registradas dentro das residências das pessoas, no seu trabalho. Mas o porte de armas se mostrou algo que aumenta a violência. Tenho essa discordância com relação à legislação federal”.

Questionado sobre o PM que atirou no lutador de jiu-jítsu Leandro Lo em São Paulo, Garcia disse que ele não representa a corporação e que não é policial, mas “um assassino”: 

“Queria me dirigir à mãe do Leandro Lo, manifestar meus sentimentos pela perda dela”,  afirmou. “Já foi aberto um processo administrativo, o salário dele foi suspenso. Tenho certeza que ele será expulso”. 

Ainda no tema segurança pública, o governador paulista defendeu a redução da maioridade penal. 

“Sou favorável à redução da maioridade penal para 16 anos. O caminho mais rápido para a gente alcançar o endurecimento de penas para menores que cometem crimes hediondos é a alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)”, disse. 

Em mais um aceno ao eleitorado de direita, o governador Rodrigo Garcia (PSDB) voltou a afirmar que pretende liderar bancada federal de São Paulo para revogação da saída temporária de presos. 

“A saidinha de presos foi feita para a ressocialização dos presos. Mas na minha opinião não ressocializa nada. Por isso eu sou contra — afirmou. — Isso é uma pauta conservadora? Isso é uma pauta do Código Penal. O que ressocializa é o aumento do trabalho para os presos”. 

‘Lava-Jato fez empreiteiras largarem obras’

No tema Habitação, Garcia defendeu que “nenhum estado coloca tanto dinheiro como São Paulo em habitação”. O governador paulista disse que não é possível fazer programas sociais sozinho e pediu mais ajuda do governo federal: 

“Nós estamos no limite do que o nosso dinheiro permite. Se tivéssemos um pouco mais de ajuda de Brasília, ou se eles devolvessem mais dinheiro dos impostos, nós resolveríamos esse problema de habitação”.

Garcia ainda citou a Lava-Jato como causa para a demora em construções e reformas em São Paulo: 

“Acharam que eu era contra a Lava-Jato, eu apenas fiz uma constatação: a operação Lava Jato atingiu muitas empreiteiras que abandonaram muitos canteiros de obras”.

Garcia também foi questionado sobre os últimos dados do Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo), segundo os quais houve queda de 4,1% no desempenho de alunos do 3º ano do Ensino Médio em língua portuguesa (igualando números de 2013), e de 4,4% em matemática (pior índice em 11 anos). 

Ele se defendeu, afirmando que a pandemia foi responsável pela perda de aprendizado, que afetou o país todo. Disse que o estado de São Paulo trabalhou para minimizar o prejuízo e que o reforço escolar deve ajudar a recuperar parte da perda.

“Não precisa ser da educação para saber que a perda de aprendizado de uma aula online para uma aula presencial é brutal. Nós fizemos de tudo para que tivesse a menor perda possível”, afirmou.

O governador afirmou que o número insuficiente de docentes ocorreu no começo do ano devido à expansão do ensino médio para aulas de tempo integral. E defendeu que o problema está “praticamente resolvido”. 

As entrevistas vão ser conduzidas por alguns dos mais importantes jornalistas do país, colunistas dos três veículos, como Merval Pereira, Vera Magalhães, Maria Cristina Fernandes, Lauro Jardim, Milton Jung, Malu Gaspar, Ancelmo Gois, Carlos Andreazza, Bernardo Mello Franco, Flávia Oliveira, Débora Freitas, Berenice Seara e Bela Megale.

No dia 22 de agosto, segunda-feira da semana que vem, se iniciam as sabatinas presidenciais. Serão chamados os cinco candidatos mais bem colocados na pesquisa Datafolha que será divulgada nesta semana e que pontuem com, ao menos, 1% das intenções de voto.

A pedido das campanhas, foi feito um sorteio preliminar tendo como base os cinco primeiros colocados na pesquisa mais recente. Se ninguém for ultrapassado nos próximos dias, Simone Tebet (MDB) será ouvida na segunda-feira, seguida por Jair Bolsonaro (PL), Pablo Marçal (PROS), Lula (PT) e Ciro Gomes (PDT). 

Simone Tebet, Pablo Marçal e Ciro Gomes já confirmaram a participação no evento. No entanto, pelas regras informadas a todas as campanhas, caso um ou mais candidatos sejam ultrapassados na próxima pesquisa, este será substituído pelo candidato que aparecer à sua frente.

As duas últimas semanas de sabatinas serão dedicadas às disputas dos governos do Rio, com participação também do jornal EXTRA, e de Minas Gerais. No dia 29 de agosto, segunda-feira, Rodrigo Neves (PDT) será o primeiro candidato da corrida fluminense, seguido na terça-feira por Marcelo Freixo (PSB), e por Cláudio Castro (PL), na quarta-feira.

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No dia 5 de setembro, será a vez de Alexandre Kalil (PSD), seguido de Romeu Zema (Novo), na terça-feira, 6. Em função do Dia da Independência, a sabatina com Carlos Viana (PL) será na quinta-feira, dia 8. Todos os candidatos aos governos de São Paulo, Rio e Minas confirmaram presença nos eventos.

Assim como na corrida presidencial, se algum candidato aos governos do Rio e de Minas Gerais for ultrapassado na pesquisa Datafolha anterior ao início da rodada local de sabatinas, este será substituído. 

Debates no mês que vem 

Em setembro, O GLOBO, Valor e CBN também promoverão debates aos governos de Minas Gerais (15/9), São Paulo (20/9) e Rio (22/9), este último também com participação do jornal EXTRA. Os eventos, que começarão às 10h, serão transmitidos pela rádio e pelas páginas e redes sociais dos veículos.

Para eles, estão convidados todos os candidatos cujas coligações tenham mais de cinco congressistas: Romeu Zema, Alexandre Kalil, Carlos Viana, Marcus Pestana (PSDB) e Lorene Figueiredo (PSOL), em Minas Gerais; Fernando Haddad, Tarcísio de Freitas, Rodrigo Garcia, Elvis Cezar (PDT) e Vinícius Poit (Novo), em São Paulo; e Cláudio Castro, Marcelo Freixo, Rodrigo Neves e Paulo Ganime (Novo), no Rio.