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Moraes pede novo relatório da PF em inquérito que investiga Bolsonaro

Moraes pede novo relatório da PF em inquérito que investiga Bolsonaro

Aras pediu arquivamento do caso, mas ministro do STF diz que novo documento é ‘essencial’ para que a PGR possa fazer uma ‘completa análise de prova’

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu 15 dias para a Polícia Federal (PF) fazer um relatório analisando o material que obteve com a quebra de sigilo telemático no inquérito que apura se o presidente cometeu crime de violação de sigilo funcional. Em fevereiro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu o arquivamento do caso, mas Moraes pondera o novo relatório é “essencial para a completa análise dos elementos de prova pela Procuradoria-Geral da República”.

No começo de fevereiro deste ano, a PF concluiu que Bolsonaro divulgou uma investigação sigilosa que apura um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Duas semanas depois, porém, Aras avaliou que os dados não eram sigilosos e pediu o arquivamento.

“Oficie-se à autoridade policial, Delegado de Polícia Federal Fábio Alvarez Shor, para que encaminhe aos autos, no prazo de 15 (quinze) dias, relatório minucioso de análise de todo o material colhido a partir da determinação da quebra de sigilo telemático, preservado o sigilo das informações”, decidiu Moraes.

A PF concluiu que Bolsonaro, o deputado Filipe Barros (PL-PR) e o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, ajudante de ordens da Presidência da República, divulgaram dados da investigação sigilosa, cometendo o crime de violação de sigilo funcional. O objetivo, de acordo com a PF, foi espalhar informações falsas sobre a segurança das urnas eletrônicas. Com isso, houve danos à confiança no sistema de votação usado no Brasil.

Esse caso envolve a divulgação de um inquérito da Polícia Federal sobre um ataque hacker ao TSE, durante uma transmissão ao vivo no qual Bolsonaro atacou a credibilidade das urnas eletrônicas, embora não houvesse relação do ataque com o funcionamento das urnas.

“Considerando os elementos de interesse coligidos, que apontam a autoria, a materialidade e as circunstâncias da divulgação, de conteúdo de inquérito policial por funcionários públicos (presidente da república, ajudante de ordem e deputado federal), na live do dia 04 de agosto de 2021 e sua publicização por diversos meios, com o nítido desvio de finalidade e com o propósito de utilizá-lo como lastro para difusão de informações sabidamente falsas, com repercussões danosas para a administração pública, dá-se por encerrado o trabalho da Polícia Judiciária da União”, diz trecho do relatório assinado pela delegada Denisse Dias Rosas Ribeiro, que era a responsável pela investigação.

Moraes determinou em seguida que a PGR se manifestasse. Assim, duas semanas depois, Aras apresentou um pedido de arquivamento. No próprio arquivo vazado pelo presidente, havia referências ao caráter sigiloso do processo, mas, segundo a PGR, esse sigilo só estaria efetivamente caracterizado se o juiz do caso tivesse proferido um despacho determinando isso.

“Nesse cenário, a simples aposição de carimbos ou adesivos nos quais se faz referência a suposto sigilo da investigação não é suficiente para caracterizar a tramitação reservada. O registro de sigilo no protocolo de cadastramento (‘Segredo de Justiça? Sim’) do inquérito policial no PJe, por ocasião de sua remessa à Justiça Federal, da mesma forma, é inapto, por si só, para caracterizar o regime de segredo”, escreveu Aras.

A Advocacia-Geral da União (AGU), que defende o presidente, vem sustentando que o inquérito sobre o ataque hacker não era sigiloso. Na época em que PF concluiu a investigação, o ajudante de ordens Mauro Cid não quis comentar o assunto. No Twitter, Felipe Barros disse que, segundo o delegado responsável pela apuração do ataque hacker, o inquérito não era sigiloso.