Investigação da PF descobriu, em troca de mensagens, suposta adesão do então comandante da Marinha à trama golpista
A Marinha do Brasil negou que disponibilizaria tanques para uma tentativa de golpe de Estado no país. A alegação rebate o que foi apontado em uma troca de mensagens identificada pela Polícia Federal (PF) ao longo da investigação sobre a trama golpista. Em nota divulgada nesta quarta-feira (27), a organização militar se colocou à disposição para prestar esclarecimentos.
No relatório final da PF sobre o inquérito da trama golpista após as eleições de 2022, divulgado nessa terça (26), um contato chamado “Riva” envia uma mensagem afirmando que o então comandante da Marinha, o almirante Almir Garnier, teria aderido ao plano golpista articulado durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
A mensagem diz: “O Alte Garnier é PATRIOTA. Tinham tanques no Arsenal prontos”.
O que diz a Marinha
“Em nenhum momento houve ordem, planejamento ou mobilização de veículos blindados para a execução de ações que tentassem abolir o Estado Democrático de Direito”, diz trecho do comunicado.
“Sublinha-se que a constante prontidão dos meios navais, aeronavais e de fuzileiros navais não foi e nem será desviada para servir a iniciativas que impeçam ou restrinjam o exercício dos Poderes Constitucionais”, acrescenta.
No comunicado, a Marinha reitera que seu s“atos são pautados pela rigorosa observância da legislação, valores éticos e transparência”.
“Ademais, a MB [Marinha do Brasil] encontra-se à disposição dos órgãos competentes para prestar as informações que se fizerem necessárias para o inteiro esclarecimento dos fatos, reiterando o compromisso com a verdade e com a justiça.”
37 indiciados
Com quase 900 páginas, o relatório da PF indicia 37 pessoas. Entre elas, estão o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno.
Segundo os investigadores, os indiciados integravam “organização criminosa, estruturalmente ordenada, com divisão de tarefas e utilização de órgãos, estrutura e agentes públicos, que praticaram ações voltadas a desestabilizar o Estado Democrático de Direito”.