Ministro do Supremo disse que governador afastado decidiu bancar o ex-secretário de Segurança Pública do DF
O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes afirmou nesta terça-feira (14) que sugeriu ao governador afastado do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) a não nomear o ex-ministro Anderson Torres para a Secretaria de Segurança Pública. Em entrevista à GloboNews, o magistrado alegou que tinha uma intuição “que isso ia dar errado”.
“Quando saiu a primeira nota que Anderson Torres seria secretário, já tinha inquéritos, estava sendo investigado desde a live do Bolsonaro que participou. Eu intuía que, assumindo a Secretaria de Segurança Pública, teria fricção, e talvez o Supremo tivesse que suspendê-lo das atividades”, contou Mendes.
Gilmar revelou que, após dar o seu ponto de vista para Ibaneis, o governador afastado relatou que tudo estava sob controle e que Torres teve um excelente comportamento e foi um “bom parceiro para o Distrito Federal”. Por isso ele decidiu por colocá-lo no cargo.
Só que Mendes admitiu que ficou contrariado e afirmou que “óbvio que quem avisa, amigo é”. Mesmo com o alerta, Anderson foi nomeado por Rocha e ficou no cargo por pouco tempo.
Anderson Torres e o 8 de janeiro
Anderson Torres assumiu a Secretaria de Segurança Pública em janeiro, mas logo viajou para Orlando, Estados Unidos, para aproveitar um período de férias. Porém, no dia 8 de janeiro, vândalos bolsonaristas fizeram um ato terrorista em Brasília, invadindo os prédios dos Três Poderes.
Ibaneis exonerou o ex-secretário no mesmo dia do ataque. Em 14 de janeiro, Torres retornou para o Brasil e foi preso pela Polícia Federal após determinação do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Em operação feita pela PF na casa do ex-ministro, foi encontrada uma minuta que determinava a anulação das eleições 2022, mantendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder. Além disso, Anderson é suspeito de ter sido omisso e facilitado a invasão dos terroristas nas sedes dos Três Poderes.
O ex-secretário de Segurança do DF nega as acusações. “Lamento profundamente que sejam levantadas hipóteses absurdas de qualquer conivência minha com as barbáries que assistimos”, relatou.