Segundo relatório divulgado hoje, a estimativa é que 8% da população mundial ainda enfrente a fome até 2030
Segundo relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quarta-feira (6), o número de pessoas afetadas pela fome no mundo chegou a 828 milhões em 2021, um aumento de cerca de 46 milhões desde 2020 e de 150 milhões desde 2019, antes do início da pandemia de Covid-19.
O documento aponta que os países ao redor do mundo estão cada vez mais longe da meta de acabar com a fome, com a insegurança alimentar e com a má nutrição até 2030. As projeções são de que cerca de 670 milhões de pessoas (8% da população mundial) ainda enfrentarão a fome em 2030, mesmo com a recuperação econômica sendo levada em consideração.
Conforme o relatório, a proporção de pessoas afetadas pela fome tinha ficado relativamente inalterada desde 2015, mas voltou a subir em 2020 e continuou subindo em 2021, chegando a 9,8% da população mundial. Isso se compara com 8% em 2019 e 9,3% em 2020.
Os números mostram que cerca de 2,3 bilhões de pessoas no mundo (29,3%) enfrentaram insegurança alimentar moderada ou severa em 2021, 350 milhões a mais em relação a antes da pandemia. Além disso, aproximadamente 924 milhões de pessoas (11,7% da população global) enfrentaram a insegurança alimentar em níveis severos, um aumento de 207 milhões em dois anos.
Outro recorte mostrado no documento é o da lacuna de gênero, que continuou a crescer em 2021. No mundo, 31,9% das mulheres enfrentaram insegurança alimentar moderada ou severa em relação a 27,6% dos homens – uma diferença de mais de 4 pontos percentuais, em comparação com 3 pontos percentuais em 2020.
Além disso, quase 3,1 bilhões de pessoas não conseguiram pagar por uma alimentação saudável em 2020, um aumento de 112 milhões em relação a 2019. Os dados refletem os efeitos da inflação nos preços dos alimentos , principalmente em decorrência dos impactos econômicos da pandemia.
Estima-se também que, no ano passado, 45 milhões de crianças menores de cinco anos sofriam de baixo peso para a estatura, o que aumenta o risco de morte dessas crianças até 12 vezes. De acordo com os dados, 149 milhões de crianças da mesma faixa etária tiveram crescimento e desenvolvimento atrofiados devido à falta crônica de nutrientes na alimentação, enquanto 39 milhões estavam acima do peso.
O relatório foi publicado em conjunto hoje pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Programa Mundial de Alimentos da ONU (WFP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).