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Falta de mulheres no governo Lula irrita aliadas: ‘Clube dos bolinhas’

Falta de mulheres no governo Lula irrita aliadas: ‘Clube dos bolinhas’

Mulheres que ajudaram a eleger o presidente sentem machismo dos partidos aliados

O  governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nem começou e já começa a contar com ruídos internos. Partidos aliados e mesmo membros do PT estão irritados com os anúncios e confirmações dos novos ministros. O fato de que apenas homens vem sendo anunciados como parte da administração que começa em 2023 vem incomodando nomes importantes que ajudaram na eleição.

À coluna, um membro importante do partido confirmou as reclamações. “Por enquanto são burburinhos, mas tem gente que está se perguntando o que vem acontecendo”, afirmou. “O Lula se comprometeu com um governo plural, mas até agora parece o clube do bolinha”, comentou outra deputada federal que esteve no front de batalha para eleger o presidente.

O maior questionamento se deu que, num primeiro momento foram cinco homens anunciados oficialmente. A partir daí, assessores do petista deixaram vazar que, no dia da diplomação seriam anunciadas cinco mulheres - o que não ocorreu. Depois, a presidenta do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann teve de apagar incêndio ao confirmar que haverá mulheres e que as pessoas estariam apressadas.

Mas a semana termina com mais homens confirmados, como é o caso do senador Humberto Costa, convidado para o ministério da Educação, que até então estava certo para ir às mãos de uma mulher, a governadora do Ceará Izolda Cela (PDT), mas que aparentemente perdeu a vaga para... um homem. Ao mesmo tempo, os nomes de Simone Tebet (MDB) e Marina Silva (Rede) dados como certos, não são confirmados e viraram incógnita.

Aliados ouvidos pela coluna afirmaram que entendem a necessidade de fatiar a administração com partidos aliados. “O que está acontecendo é uma divisão de cargos com base no machismo e na misoginia”, disse uma parlamentar filiada ao PT, mais incomodada com a situação. Para ela, não se trata de Lula barrando nome de mulheres, mas dos partidos aliados e da própria legenda do presidente eleito. “Querem deixar apenas os homens no comando, só falta nos mandarem lavar as cuecas”, comentou irritada.

A situação já gerou descontentamento a ponto de chegar nos ouvidos de Lula. O presidente comentou a pessoas próximas que não entende tamanho barulho. “O Lula insiste que seu governo terá muitas mulheres e muitos negros. Só é preciso ter paciência porque ele está construindo o mandato”, diz um futuro ministro. Ele lembrou ainda que, tal qual há nomes confirmados, mas não anunciados, também existe o de Margareth Menezes para o ministério da Cultura.

Por ora, as mulheres que ajudaram a eleger Lula não externaram os incômodos. Mas a situação parece estar no limite e o prazo para que o governo anuncie mulheres em ministérios robustos é a próxima semana. Do contrário, o presidente e o PT podem levar uma pecha incômoda já no começo: a de um governo machista.