Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, rasgou cartão de vacinação falso do ex-presidente e pediu exclusão dos registros, segundo a PF
Em seu acordo de delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que Marcelo Costa Câmara, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e coronel da reserva, rasgou os certificados falsos de vacinação de Bolsonaro e de sua filha e determinou a exclusão dos registros de que os dois teriam sido imunizados contra a Covid-19.
A Polícia Federal (PF) interpretou o episódio como parte de uma tentativa de “apagar os rastros das condutas criminosas”.
No relatório que indiciou Bolsonaro, Cid, Câmara e outras 14 pessoas que estariam envolvidas no esquema, consta o trecho da delação premiada do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro: “o coronel Câmara ficou sabendo dos fatos, rasgou os certificados do ex-presidente e sua filha Laura Bolsonaro e solicitou que o colaborador desfizesse as inserções”.
Câmara comentou que ficou surpreso e “mandou Cid desfazer a besteira que tinha feito”, sustentando que Cid fez “tudo sozinho e sem autorização de ninguém”, segundo reportou a CNN. Ele teria descoberto o indiciamento através de visitas que recebeu.
Marcelo Câmara foi preso preventivamente em 8 de fevereiro, na operação Tempus Veritatis, deflagrada pela PF para apurar a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Investigação
aA investigação indica que Marcelo Câmara passou a ter o e-mail vinculado à conta “gov.br” de Jair Bolsonaro a partir do dia 22/12/2022, às 8h20. O cadastro anteriormente esteve vinculado ao e-mail de Mauro Cid. A mudança teria ocorrido porque Câmara seria um novo assessor de Bolsonaro, após o término do mandato.
O relatório indica ainda que, no dia em que ambos estavam no Palácio do Alvorada, foi emitido o certificado de vacinação e feita a alteração do e-mail cadastral.
A ação seria uma evidência de “que todos os atos praticados no Palácio do Alvorada no dia 22/12/2022, como acesso ao sistema ConecteSUS, emissão do certificado de vacinação e alteração cadastral do e-mail vinculado à conta de Jair Messias Bolsonaro, também era de conhecimento de Marcelo Costa Câmara, assessor do então presidente da República, que inclusive o acompanhou após o término do mandato presidencial, corroborando que Jair Bolsonaro participou dos atos criminosos praticados em seu benefício.”