Dezenas de covas são abertas para ampliar capacidade de sepultamentos. Máquinas da Prefeitura de Manaus trabalham em terreno para atender alta demanda
Dezenas de covas foram abertas no Cemitério Nossa Senhora Aparecida, localizado no bairro Tarumã, em Manaus, para atender o aumento na demanda provocado pelas mortes por Covid-19. Segundo informações da prefeitura, desde março, houve um acréscimo de aproximadamente 50% na demanda.
Conforme boletim divulgado pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), nesta quinta-feira (16), o total de casos confirmados no estado chegou a 1.719, com 124 mortes.
A prefeitura informou ao G1 que o cemitério municipal passava por uma ampliação da área de sepultamento mesmo antes da pandemia causada pelo novo coronavírus. No entanto, a abertura das covas se deu à medida que o número de mortes no estado começou a crescer.
A estimativa de 50% a 60% no aumento da demanda é calculada em relação à média registrada nos últimos meses, e não comparado ao período no ano anterior, conforme explicado pela prefeitura. O número de covas que serão abertas neste período não foi divulgado.
No último dia 13, a Prefeitura de Manaus decidiu adotar medidas para impedir a aglomeração de pessoas em velórios e sepultamentos na cidade. O Decreto 4.801, publicado no Diário Oficial do Município (DOM), disciplina os velórios e sepultamentos para pessoas cujas mortes não foram provocadas pela Covid-19, entre elas a limitação de dez pessoas por velório e a redução para até 2h do tempo dessas cerimônias. Ao sepultamento, só está permitida a presença de, no máximo, cinco pessoas.
Mortes por Covid-19 no AM
Os números divulgados nesta quinta-feira (16) apontam que, em todo o estado, 160 mortes já foram notificadas pelo novo coronavírus - com o total de 124 casos confirmados. Apenas 19 delas foram descartadas e outras 31 estão em investigação. Os números impressionam a Fundação de Vigilância, que reforça o pedido de isolamento social.
“Tivemos 18 novos óbitos. Muitos estão ficando doente. Muitos estão morrendo. Temos 31 óbitos em investigação. A progressão da doença é muito rápida. Ela continuará afetando a todos. Nós não teremos leitos. Se a doença continuar com a progressão, por mais que tenhamos nos preparados, não conseguiremos dar conta. Por favor, evite ser mais um no hospital. Você pode fazer isso se ficar em casa e não se expor ao vírus”, comentou a diretora-presidente da FVS-AM, Rosemary Pinto.
Atendimento aos pacientes
Uma decisão da Justiça do Amazonas tinha impugnado o contrato de locação firmado entre o Governo do Amazonas e o Complexo Hospitalar Nilton Lins, no valor de R$ 2,6 milhões para o aluguel do local. No entanto, uma nova decisão feita na noite desta quinta-feira (16) manteve a continuidade da implantação de 400 leitos para atender pacientes da covid-19.
A nova decisão mostra que o Estado é intimado a apresentar o contrato e o cumprimento das formalidades legais. O Governo tem o prazo de cinco dias para apresentar os contratos com todas as solicitações feitas pelo órgão.
Inicialmente, com a decisão de impugnar o contrato firmado com o objetivo de ampliar a capacidade de atendimento na rede pública de saúde dos casos da Covid-19, o governador Wilson Lima disse em entrevista a Rede Amazônica que os trabalhos para a implantação da unidade “só vão parar se passar por cima do meu cadáver”.
Quanto ao Hospital e Pronto-Socorro Delphina Aziz, o Governo do Estado informa que já avançou na estruturação da unidade, com a implantação de mais leitos clínicos e de UTI, com reforço de equipamentos, pessoal e insumos.
O novo hospital de campanha montado pela Prefeitura de Manaus no Lago Azul, na Zona Norte, também reforça o atendimento no sistema público de saúde para casos de Covid-19. A unidade recebeu os primeiros pacientes de Covid-19 na madrugada desta terça-feira (14). Eles foram encaminhados para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 1, que entrou em funcionamento imediato na noite de domingo, com 18 leitos iniciais instalados.