Secretário-executivo do Ministério da Justiça criticou suposta atuação de organização criminosa para lidar com caso dos médicos paulistas mortos no RJ
O secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli , criticou nesta sexta-feira (6) a atuação da facção criminosa que teria executado os assassinos dos médicos paulistas mortos na Barra da Tijuca na madrugada de ontem (5).
“O Brasil possui leis, possui regras, tem um estado de direito que precisa e será respeitado. Não tem cabimento a gente dizer que organizações criminosas cometem um crime e elas mesmas resolvem esse crime. A Polícia Federal acompanha as investigações, não só acompanha como colabora, e a gente espera cooperar para a elucidação desse caso o mais rápido possível”, disse Ricardo Cappelli em entrevista à GloboNews.
Perguntado sobre o andamento das investigações, ele disse que não comentará enquanto a apuração estiver em curso, “para não atrapalhar”. Ele acrescentou que a Polícia Federal colabora com as investigações, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Quatro suspeitos foram assassinados ainda ontem. Os traficantes responsáveis pelo assassinato teriam avisado a polícia do ocorrido. Entre os identificados pela Polícia Civil estão Philip Motta Pereira, o Lesk, e Ryan Soares de Almeida. Os outros dois ainda não tiveram a identidade revelada.
O governador Cláudio Castro, do estado do Rio, receberá, nesta sexta-feira (6), o secretário executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, no Palácio Guanabara, para tratar do assassinato dos ortopedistas e do apoio do governo federal para o combate ao crime no Complexo da Maré, na zona norte da cidade.
Capelli citou que o governo federal irá cooperar na Operação Maré, com ajuda de 500 homens, somados os reforços da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal.
O Ministério Público atrasou o envio da ajuda após questionamentos à operação, mas Capelli garantiu que irá reforçar a segurança do estado.
“Nós vamos cooperar com o Rio de Janeiro na Operação Maré, com reforço da Polícia Federal nos portos, nos aeroportos, e com reforço da Polícia Rodoviária Federal nos entroncamentos, nas rodovias federais, e também com a nossa diretoria de inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública”, detalhou Cappelli, pontuando a suspensão do envio das forças após “algumas dúvidas” do MPF.
Ele afirmou que fará reuniões com Ministério Público e organizações sociais que atuam na Maré, “para que tudo seja feito de acordo com a lei”.
“Nós não vamos fazer nada de forma unilateral, nada de forma atabalhoada. Volto a dizer: não existe solução mágica. As soluções para a Segurança Pública têm que ser construídas entre o poder público, a sociedade civil e o setor privado. Só assim que a gente vai conseguir resolver esse problema”, completou Cappelli.
O que aconteceu
Um ataque a tiros deixou três médicos mortos na madrugada dessa quinta. Além dos três que morreram, um quarto médico foi baleado e está hospitalizado. Dentre os mortos, está Diego Ralf Bomfim, irmão da deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP). Além dele, também foram assassinados Marcos de Andrade Corsato e Perseu Ribeiro Almeida.
Além dos três mortos, outra vítima é o também médico Daniel Sonnewend Proença, de 32 anos, que sobreviveu após cirurgia durante a tarde desta quinta-feira.