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Caixa-preta de avião da Voepass: Cenipa vai segurar áudios por 30 dias

Caixa-preta de avião da Voepass: Cenipa vai segurar áudios por 30 dias

Força Aérea Brasileira fará a transcrição das gravações, mas deve segurar a divulgação

No último domingo (11), os dados da caixa-preta do avião ATR-72 da Voepass , que caiu na sexta-feira (9), foram recuperados com sucesso. As gravações, que incluem as conversas da cabine de comando durante os momentos finais do voo 2283, ainda não serão divulgadas ao público. A Força Aérea Brasileira (FAB) fará a transcrição dos áudios, mas deve segurar a divulgação.

A decisão de adiar a liberação das informações foi tomada pelo Cenipa (Centro de Investigações e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da FAB responsável pela investigação de acidentes aéreos.

O gravador de voz da cabine do avião (Cockpit Voice Recorder) e o gravador de dados de voo (Flight Data Recorder) já estão no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo em Brasília. O Cenipa afirma que os trabalhos de extração dos dados vão seguir de forma ininterrupta.

O brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, explicou que o prazo de 30 dias para a apresentação do relatório preliminar é necessário devido ao volume extenso de dados a serem analisados. Em resposta à sugestão de liberar apenas os áudios finais para esclarecimento, Moreno argumentou que isso poderia violar a privacidade dos pilotos e potencialmente gerar constrangimentos legais.

Ele também expressou preocupações sobre o sofrimento adicional que a divulgação poderia causar às famílias das vítimas, afirmando que o conteúdo dos áudios poderia ser angustiante.

Além disso, Moreno levantou a possibilidade de que a divulgação das gravações poderia gerar especulações, embora não tenha especificado quais especulações seriam prejudiciais para a investigação. Ele ressaltou que as informações das gravações são usadas para aprimorar a segurança do voo e que a divulgação pública poderia comprometer a implementação de mudanças necessárias para melhorar as condições de segurança, embora não tenha detalhado como isso ocorreria.

O brigadeiro reiterou que a decisão de manter o sigilo está em conformidade com o Código Brasileiro de Aeronáutica e com o Anexo 13 da Convenção sobre a Aviação Civil Internacional, que visa prevenir futuros acidentes sem atribuir culpa ou responsabilidade.

Retrospecto

Vale destacar que, em situações anteriores, a divulgação de gravações da cabine de comando ocorreu antes da conclusão das investigações, como no caso do voo 3054 da TAM. O acidente, que aconteceu em 17 de julho de 2007, envolveu um Airbus A320 que não conseguiu frear adequadamente em São Paulo, resultando na morte de 187 pessoas a bordo.

Os áudios do acidente foram revelados à mídia antes do final de julho de 2007 e entregues à Câmara dos Deputados em 31 de julho. A divulgação dessas informações foi considerada relevante e não comprometeu a investigação, permitindo maior transparência e conforto para as famílias afetadas.