Grupo se reuniu nessa sexta-feira para discutir possíveis soluções à crise sanitária causada pela pandemia
Nesta sexta-feira (21), a cúpula do G-20 se reuniu virtualmente para buscar uma resposta à crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus . O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) optou por não participar e foi um dos poucos líderes do grupo a não participar da reunião. O chanceler Carlos França participou do evento que foi organizado pelo governo italiano e contou com alguns dos principais chefes-de-estado e de governo do mundo, com um compromisso de garantir acesso às vacinas e um plano para que a atual crie seja a “última pandemia”.
Segundo o Uol , a ausência de Bolsonaro não foi recebida como uma surpresa, diante de sua postura às iniciativas multilaterais e de seu histórico de usar os eventos internacionais para atacar parceiros. Mas, segundo os europeus, o envio apenas de um ministro ao evento alimentou a imagem de que a cooperação internacional contra o vírus não é prioridade do presidente.
O Brasil foi representado apenas por Carlos França e, por uma questão de protocolo, seu discurso foi deixado para o final da fila , sendo quase o último do evento. Sua fala foi feita depois de países que sequer fazem parte do G-20 e apenas tinham sido convidados.
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, explicou que Bolsonaro estava viajando desde quinta-feira e por isso não pode participar. Na reunião, ele disse que a pandemia precisa de “mais cooperação internacional” e elogiou o trabalho da OMS . Mas deixou claro aos demais países que o Brasil “ainda precisa de ajudar internacional”. Ainda apontou que o governo quer começar a ajudar outros países em desenvolvimento , principalmente na América do Sul e na África. Isso, porém, “assim que for possível”.
Para acelerar a vacinação e lutar contra a pandemia, o governo brasileiro defendeu “medidas concretas para ampliar a produção” de doses em um maior número de países e promover a transferência de tecnologia. Mas o Itamaraty não citou a possibilidade de uma suspensão de patentes, como é proposto por países em desenvolvimento e pelos EUA na OMS.
A cúpula - virtual- contou com os líderes do Reino Unido, Holanda, México, Indonésia, Itália, Japão, Canada, Espanha, França, Alemanha, China, Argentina, Turquia, África do Sul e Coreia do Sul, além dos chefes da FAO, Banco Mundial, UE, OMC, OCDE, FMI, OMS, ONU e outras instituições internacionais. Outros países convidados e que não fazem parte do G-20 também enviarão seus presidentes ao evento, como Noruega, Portugal (presidente do Conselho Europeu), República Democrática do Congo (presidente da União Africana), Cingapura, Suíça, Ruanda e outros.
Nem todos falaram ao vivo e os organizadores ofereceram a possibilidade de gravar as mensagens. Além do Brasil, apenas a Austrália, Arábia Saudita participaram do evento com um ministro. Já a Rússia foi representada pela vice-primeira-ministra. Joe Biden enviou sua vice, Kamala Harris . Ela anunciou investimentos na Covax , o mecanismo de distribuição de vacinas. “Vamos continuar a fazer doações”, disse.
Harris ainda confirmou que o mundo precisa investir em preparação. No discurso, ela criticou ainda presidentes que não dão prioridade à saúde e que relegam o assunto apenas aos ministros. “Precisamos de líderes da Saúde”, defendeu.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres , alertou que mais medidas efetivas precisam ser tomadas. “Estamos em guerra com o vírus e precisa de uma economia de guerra e não estamos fazendo isso”, afirmou.
Segundo ele, o mecanismo global de distribuição de vacinas deveria ter entregue 270 milhões de doses até o final de maio. Mas conseguiu enviar aos países mais pobres apenas 65 milhões. Para Guterres, isso é culpa do nacionalismo e da falta de acesso à tecnologia.
Sem um acordo sobre como suspender patentes de vacinas , líderes do G-20 se limitaram a aprovar uma declaração que prevê o compromisso da doação de bilhões de doses para as economias mais pobres do mundo e que, por enquanto, têm ficado à margem da distribuição dos imunizantes.