Revista Crusoé revelou esquema que envolve ONG que funciona em prédio que vende artigos de maconha
Além do rolo das vacinas, no Ministério da Saúde, a corrupção no governo Bolsonaro tem um novo viés: ONGs de fachada . É o que revela uma reportagem da revista Crusoé, apontando até mesmo uma organização que funciona em um prédio que vende artigos liados a maconha .
Ao todo, seriam nove entidades sem fins lucrativos que só existem no papel ou que funcionam com estruturas muito precárias e em desconformidade com sua atividade fim. Os R$ 17 milhões , enviados por emendas parlamentares, teriam objetivo de beneficiar aliados e até mesmo funcionários estrategicamente alocados.
Algumas dessas entidades estão registradas em residências de servidores do governo ou em salas vazias, como apurou a reportagem.
Uma delas, a Associação Beneficente Ensine Mão Amiga, recebeu 200 mil reais da Secretaria Nacional de Política para as Mulheres, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. A presidente da ONG é Helieth Dolores Pereira Duarte, ex-funcionária da própria ministra Damares Alves.
Em 2017, antes mesmo de oficializar sua candidatura a presidente, Bolsonaro chegou a dizer que “se um dia tiver poder para tal, não vai ter um centavo para ONG”.
Em um dos endereços investigados funciona a ‘Cultura Verde’, que recebeu do Ministério do Turismo, por meio do Fundo Nacional do Turismo e da Fundação Cultural Palmares, 1,2 milhão de reais. “Aqui a loja é de tabaco e artigos de maconha, senhor! Vendo seda, narguile …”, disse um funcionário ao ser abordado pela Crusoé.
O valor de 1,2 milhão foi empenhado entre 2019 e 2021 por meio de emendas impositivas de deputados bolsonaristas. Entre eles, Paula Belmonte, mulher do empresário Luís Felipe Belmonte.