Partido vai focar esforços no Congresso Nacional
O PL já considera Jair Bolsonaro como parte do passado e iniciou um planejamento para o futuro. Valdemar da Costa Neto avisou aliados que a legenda não pretende apoiar o ex-presidente e não pagará o preço de ser considerado um partido golpista.
A coluna teve acesso a mensagens enviadas pelo cacique político em grupos com membros do PL e que reforçam a tese. Em um deles, parlamentares da legenda discutiam sobre como pautar temas relevantes como oposição ao atual governo, de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e um deles levantou a tese de que era importante conversas com Bolsonaro para receber orientação.
“O PL não é o Bolsonaro. O Bolsonaro acabou. Esqueçam ele”, teria reagido Valdemar em resposta à mensagem. “Conversem comigo e vamos decidir aqui os rumos do PL”, continuou o cacique, surpreendendo aliados por conta da decisão de abandonar um nome importante do cenário político tão rapidamente.
A pessoas próximas, Valdemar confirmou que o ônus de ter Bolsonaro como engrenagem do PL é muito maior que um suposto bônus. Ele já deixou chegar ao ex-presidente que não vai pagar o preço de ser considerado alguém próximo a ele. “O PL será oposição ao Lula, mas vai expurgar o bolsonarismo”, diz uma pessoa muito próxima ao líder do partido.
Questionado se Bolsonaro será expulso, Valdemar desconversou nos grupos. A expectativa dele, porém, é que o político peça a desfiliação, ainda que alegando traição ou quebra de confiança. “Ninguém mais se importa com o que o Bolsonaro fala”, comentou um deputado do partido.
A relação entre os dois anda tão tensa que eles mal se falam. O grupo de whatsApp que conta com Valdemar e a família Bolsonaro está em silêncio há mais de uma semana. “Não dá para conversar com essa gente”, teria dito a um parente.
Valdemar já avisou a seu grupo que o PL vai focar no Congresso, onde tem a maior bancada, e tentar ganhar força política pensando em eleições municipais. “O PL é muito maior que o Bolsonaro”, garantiu a aliados.