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Acusado por Monteiro, empresário nega vazamento de vídeo íntimo

Acusado por Monteiro, empresário nega vazamento de vídeo íntimo

Rafael Sorrilha foi ouvido na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) nesta terça-feira e alegou que valor oferecido em reunião na casa do vereador não era propina

Apontado por Gabriel Monteiro (PL) como suposto intermediário de uma empresa de reboques do Rio e também como responsável por — junto a ex-funcionários e servidores do gabinete do vereador do Rio — forjar provas contra ele, Pedro Rafael da Silva Sorrilha prestou depoimento na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes) , na última terça-feira, e contestou todas as afirmações feitas pelo parlamentar. O empresário foi ouvido na condição de “envolvido” no âmbito da investigação que apura o vazamento de um vídeo íntimo no qual Gabriel aparece mantendo relações sexuais com uma adolescente de 15 anos. No dia 7 de abril, agentes da delegacia cumpriram mandados de busca e apreensão em 11 endereços, entre os quais a residência e o gabinete de Monteiro e também a casa de Rafael Sorrilha.

Aos policiais, o empresário contou que ele e o vereador se conheceram em Búzios, no ano passado, e iniciaram uma amizade, mas que essa relação se “resumia a saídas, baladas, apenas parte social”. A proximidade entre os dois teria chegado ao fim após o episódio em que Gabriel Monteiro acusou o ex-amigo de intermediar uma oferta de propina em nome de Jailson dos Santos Salazar, da J.S. Salazar, empresa que administrava os pátios e reboques da Prefeitura do Rio. Durante esse ocorrido, registrado em vídeo pela equipe do parlamentar, Monteiro chegou a dar voz de prisão contra Salazar, que acabou solto no dia seguinte.

No depoimento, Rafael Sorrilha afirmou que não tem qualquer relação com a J.S. Salazar nem vínculos profissionais com Jailson, embora os dois sejam amigos, já que eram vizinhos em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Ele alegou que “apenas trabalha com treinamento de vendas” e negou “envolvimento com reboque ou participação com empresa de tal ramo”, bem como rechaçou a hipótese levantada por Gabriel Monteiro de que seria o “02 da máfia dos reboques”.

No termo de declaração, à qual O GLOBO teve acesso, Sorrilha conta ainda que, durante uma fiscalização do vereador no pátio da empresa, um funcionário, por saber da amizade entre os dois, pediu que fosse feita uma ligação para o parlamentar, para saber o que ele “estava fazendo ali”. A ligação, porém, não teria sido atendida.

Mais tarde, no mesmo dia, após convite feito por Gabriel Monteiro a um PM amigo de ambos, Sorrilha compareceu à casa do parlamentar, na Barra da Tijuca. Já no local, os presentes teriam iniciado uma “conversa sobre ações sociais”. Em seguida, de acordo com o relato do empresário, o vereador e um funcionário se retiraram para uma conversa privada com Jailson. Passados 40 minutos, o dono da J.S. Salazar retornou reclamando que “Gabriel teria solicitado R$ 50 mil para não publicar o vídeo da fiscalizção”.

Naquele momento, segundo o depoimento, o parlamentar teria perguntado a Jailson se “ele era homem”, tendo em vista que o valor acordado seria, na verdade, de R$ 100 mil. Sorrilha disse aos policiais que, “acreditando se tratar de dinheiro destinado a ações sociais, se comprometeu a dividir esse valor com Jailson”, mas que “em momento algum ofereceu qualquer espécie de vantagem” ao parlamentar.

O empresário contou que, após esse episódio, funcionários de Gabriel passaram a procurá-lo porque “não achavam que era correto o que tinha ocorrido” e queriam ajudá-lo a se “defender daquelas acusações”. “Os mesmos apresentaram diversos vídeos e gravações na íntegra sobre situações que eram divulgadas nas redes sociais do vereador que não se coadunavam com a realidade”, relatou Sorrilha, que negou ter pagado ou oferecido vantagens em troca de qualquer informação repassada pelos servidores do gabinete.

De acordo com o empresário, os funcionários “já teriam acesso as estas mídias em razão de serem produtores dos vídeos lançados”. Sorrilha frisou que “nunca teve acesso a nenhum vídeo íntimo de relações sexuais com outras pessoas, mas tão somente aos vídeos que eram publicados no canal”. Em outro momento do depoimento, ele afirmou também que “nunca participou de encontro com menores junto de Gabriel”, mas que já viu “mulheres aparentando serem menores de 18 anos na casa dele”.