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Ação policial na Vila Cruzeiro é a 2ª mais letal da história do Rio

Ação policial na Vila Cruzeiro é a 2ª mais letal da história do Rio

Operação que mais deixou mortos no estado ocorreu na favela do Jacarezinho, em maio do ano passado; foram 28 vítimas fatais

Com ao menos 25 mortos, a operação realizada na Vila Cruzeiro na terça-feira (24), foi a segunda ação policial mais letal da história do estado do Rio de Janeiro — a primeira aconteceu na favela do Jacarezinho, Zona Norte do Rio, em maio do ano passado, com 28 óbitos. Em terceiro, está uma ocorrência no Complexo do Alemão, em 2007, com 19 mortos. No Complexo da Penha, a ação conjunta entre a Polícia Rodoviária Federal e a Polícia Militar desta terça contou com veículos blindados e helicóptero da PM e deixou, além dos mortos, seis pessoas feridas em hospitais do Rio, sendo duas delas em estado grave e quatro estáveis.

Dessa forma, o número de mortes na Vila Cruzeiro ainda pode aumentar e ultrapassar o registrado no Jacarezinho. Além disso, o porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Ivan Blaz, admitiu, ainda durante a operação de terça-feira, a possibilidade de outros corpos serem encontrados no alto da comunidade, uma região de mata fechada e de pouca visibilidade.

Nos últimos 15 anos, entre 2007 e 2021, o estado foi palco de 593 ações policiais que registraram, pelo menos, três mortes e que contabilizaram, ao todo, 2.374 mortes. Na média, uma ocorrência do gênero aconteceu em solo fluminense a cada nove dias ao longo dessa década e meia. Os dados do relatório elaborado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) trazem ainda o número de 17.929 operações durante os 15 anos analisados, das quais 3,3% — uma a cada 30 — terminaram com pelo menos três mortes.

Jacarezinho registrou 28 mortes 

A operação da Polícia Civil no Jacarezinho, comunidade da Zona Norte do Rio, no dia 6 de maio do ano passado, é considerada a ação policial mais letal da história do estado do Rio. Ao todo, foram 28 mortos, incluindo o inspetor Leonardo de Mello Frias, de 48 anos, baleado na cabeça. No fim daquela madrugada, cerca de 200 agentes saíram da Cidade da Polícia.

O motivo da operação, que durou cerca de nove horas, era uma investigação sobre arregimentação pelo tráfico de crianças de até 12 anos, que circulariam pela favela com fuzis, além de atos “terroristas” atribuídos à quadrilha, como sequestro de trens da Supervia. Durante o confronto, o desespero se espalhou pela região com os constantes tiroteios registrados ao longo daquele dia.

A terceira ação policial com maior número de mortos aconteceu em 2007, no Complexo do Alemão, às vésperas dos Jogos Pan-Americanos no Rio. Ao todo, 19 pessoas foram mortas. No entanto, nem todos os homicídios foram registrados como mortes decorrentes de ação policial, já que 13 corpos foram recolhidos pela própria polícia, e outros seis cadáveres foram deixados à noite numa van em frente à 22ª DP (Penha). A operação reuniu 1.350 policiais.

Eles atuaram por cerca de oito horas e apreenderam dezenas de armas e drogas. Todos os confrontos aconteceram dentro do complexo, como nas comunidades da Fazendinha e da Grota e em um ponto conhecido como Areal. A ação prometia um cerco ao tráfico de drogas do conjunto.

O Jacarezinho, palco de frequentes operações, também já havia vivido outro dia de muitas mortes. Um dos principais casos na comunidade aconteceu em 28 de maio de 1997, quando a ação, que durou cerca de quatro horas, terminou com a morte de nove criminosos, entre eles José Kídgério Soares, o Rogerinho, apontado como chefe do tráfico no local. Um contingente com cerca de cem policiais — da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) e de quatro Batalhões da Polícia Militar — participou do cerco a uma casa que, segundo denúncias recebidas à época, servia de esconderijo para Rogerinho.

Em 15 de outubro de 2020, houve 25 vítimas, mas durante oito operações realizadas em regiões diferentes do Rio de Janeiro na mesma data.