“A publicidade é justamente recomendada para as enfermidades sociais e industriais: a luz do sol é o melhor desinfetante; a luz elétrica, o mais eficiente policial” (Louis Brandeis [1856-1941], Juiz da Suprema dos EUA [01/6/1916 – 13/02/1939] nomeado pelo Presidente Woodrow Wilson [04/3/1913-04/3/1921]).
A célebre frase de Brandeis, citada frequentemente, serve como contraponto aos tempos sombrios de orçamento secreto e à falta de transparência do governo, atentando contra o princípio constitucional da publicidade.
Em geral, a citação se limita à metáfora solar. O autor, no entanto, foi notável personagem histórico na defesa de causas sociais, colocando-se, sempre, ao lado dos mais fracos, o que lhe valeu o título de “advogado do povo” em oposição à pressão política dos “advogados corporativos”. Sofreu forte reação do estabilishment americano, porém não se afastou um milímetro de suas convicções, em especial, na defesa da liberdade de expressão. Primeiro judeu na Corte, foi vítima do antissemitismo.
A metáfora do “sol” chega num momento do debate global a questão das mudanças climáticas e a urgente necessidade da transição energética em que a energia limpa tem valor estratégico e vital para a Humanidade.
Neste sentido, boas notícias e perspectivas positivas revelam significativo avanço do painéis fotovoltaicos para expandir fontes renováveis na nossa matriz. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética – EPE –, dos 1.894 projetos cadastrados para o “Leilão A-4”, em maio, 1.263 (67%) são de geração fotovoltaica o que significa uma potência de 52 MW equivalente à construção de cinco hidrelétricas do porte de Belo Monte.
A previsão é aumentar de 2,34 GW (2018) para 12,5 GW (2023) a energia instalada, considerando a diminuição dos custos do MW-hora de US$ 103 (2013) para US$ 31 (2021) bem como as inovações tecnológicas que reduziram à metade o preço dos equipamentos. O Brasil alcançou o nono lugar (2020) entre os países que mais instalaram energia solar.
Com 7.157 empreendimentos em operação, os painéis solares alcançam expressivamente o ambiente residencial e pequenas empresas, o “mercado distribuído”. De forma crescente, chegará ao “mercado regulado” e ao “mercado livre”, cabendo destacar a criação de milhares de empregos. O desafio é enfrentar a carência de linhas de transmissão.
O sol é a fonte mais democrática das energias renováveis. O Nordeste, seu abrigo.
Em Pernambuco, anos setenta, um evento gigantesco e festivo, “Vamos abraçar o Sol”, no dia 06/9, saudava a abertura da temporada de praia.
Na transição energética, “O Sol abraçou o Brasil”
Gustavo Krause foi ministro da Fazenda