O PDT tem 27 deputados. O PSB, 32. As duas legendas, formalmente na oposição, fecharam questão contra a reforma da Previdência. Mesmo assim, o primeiro
viu 8 dos seus engrossando os 379 em favor do texto, e o segundo, 11. Quando isso acontece, as legendas podem impor sanções a seus integrantes, que vão de uma simples advertência à mais grave: a expulsão. Nesse caso, o parlamentar não perde o mandato.
No PDT, o nome mais conhecido a ter desrespeitado a orientação partidária é Tábata Amaral (SP), vista por muitos como uma jovem e promissora liderança. Nas redes sociais, ela tentou explicar: “O sim que eu digo à reforma não é um sim ao governo. E também não é um não a decisões partidárias”. E mais: “Ser de esquerda não pode significar que vamos ser contra um projeto que de fato pode tornar o Brasil mais inclusivo e desenvolvido”.
Felipe Rigoni (ES), do PSB, também dissentiu. Tanto ele como Tábata são originários do movimento “Acredito”, que foi criado em 2017 com o declarado intuito de renovar a política. “Eu estudei o texto. Ele tem muitos defeitos, mas, no geral, é muito melhor do que pior. Eu já falava da reforma da Previdência na campanha. É um compromisso com os meus princípios e com as evidências”, pondera Rigoni.
Sei lá o que vão fazer essas legendas. Rigoni tem 28 anos; Tábata, 25. Juventude não é categoria de pensamento, claro!, em especial quando a experiência dos maduros faz falta aos jovens. Mas é o caso? Não parece. Mais as legendas têm o que aprender com o seu não-dogmatismo do que o contrário.
Resta evidente que aqueles que se opõem à reforma não conseguiram explicar nem aos seus a sua matemática. Preferiram agarrar-se a uma agenda velha a aplicar, então, aquele que seria o seu viés mais inclusivo numa pauta que se impôs em razão dos fatos: o dinheiro acabou!
Estou entre aqueles que entendem que Bolsonaro lidera uma marcha obscurantista que pode ser ainda mais tóxica se a economia entrar em colapso. E, por óbvio, tal agenda não é irrelevante se a economia deslanchar. Autoritários também prosperam na abastança — que, de todo modo, está muito longe de nós. Mas se movem com mais desenvoltura no caos.
PSB, PDT, PT e outros têm, isto sim, é de consolidar logo uma agenda para enfrentar a marcha da estupidez. Opor-se à reforma da Previdência, estou certo, não é um item virtuoso dessa pauta.
É o caso de ouvir o que esses jovens têm a dizer, não de expulsá-los. Tábata e Rigoni não precisam de mais idade, mas PDT e PSB precisam de mais reflexão.
Jornalista