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Pois é só o começo. Falta saber de quê...

Tudo indica uma forte escalada na enxurrada de desvarios do mais tresloucado presidente da história da República.

Agora, porém, com mudanças um tanto marcantes, principalmente nos últimos dias, e que podem significar uma virada – algum tipo de virada – no governo de Jair Messias.

A primeira dessas mudanças é palpável: agora, não só ele, o trio de filhos hidrófobos e a ala das aberrações ministeriais lançam dardos envenenados na direção de alvos sensíveis.

Por exemplo: o comportamento descontrolado do general da reserva Augusto Heleno, que no momento ocupa o relevante posto de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República.

A troco de que resolveu convocar o povo para sair às ruas contra uma medida que estava sendo negociada no Congresso? Quis emular o general, agora também empijamado, Eduardo Villas-Boas, que em seus tempos de Comandante do Exército ameaçou as instituições, inclusive um apoltronado Supremo Tribunal Federal, se Lula não fosse condenado?

Não bastava o tumultuadíssimo diálogo entre governo e Congresso – e isso, quando há algum diálogo – para fazer do país o que está sendo feito? Precisava agravar ainda mais o panorama? Quem o general Alberto Heleno acha que é, para fazer o que fez?

Pois nessa pergunta está embutida a resposta: ele acha que pode fazer o que fez justamente por ser quem é, e por estar onde está.

Num Palácio do Planalto que o próprio Jair Messias admitiu ter sido militarizado, ele é estrela de primeira grandeza. E por coincidir em tudo com seu suposto chefe, é também uma das pessoas com maior influência sobre o destrambelhado Jair Messias.

Creio não haver muito espaço para dúvidas com relação aos motivos que levam ao que anda acontecendo neste confuso fevereiro: a tão trombeteada retomada da economia se limitará a algumas esparsas notas de flautim. A arrogância presidencial com relação ao meio-ambiente teve que ser necessariamente suavizada diante do desastre registrado ao redor do planeta. O patético Ricardo Salles perdeu espaço para o vice-presidente Hamilton Mourão, que, aliás, também é general. De pijamas, porém general.

Há uma revolta latente diante da destruição acelerada da educação, com foco principal nas universidades federais. Os absurdos levados a cabo pelo patético ministro de Aberrações Exteriores causaram uma saraivada de danos à já péssima imagem do Brasil no mundo, e há claros indícios de que poderão causar, além de fortes prejuízos financeiros para o país, sérios problemas políticos.

O desemprego continua nas alturas, a pobreza cresce de maneira veloz e perversa, e o que acontece no sistema previdenciário anuncia uma tragédia com danos irreparáveis.

Por que então só agora, em fevereiro, militarizar o Palácio do Planalto e adotar uma posição de claro confronto com o Congresso?

Porque há um detalhe que pode fazer com que tudo pode piore ainda mais, e rapidamente.

A execução do chefe miliciano Adriano da Nóbrega caiu com o peso de um dromedário sobre o clã familiar. Os irados desmentidos tanto de Jair Messias como de seu filho Flávio não convencem a ninguém, exceto os integrantes da ala mais tresloucada de seus seguidores fanáticos.

Eles sabem o que fizeram, e o que Adriano fez com e para o clã.

O ataque cafajeste e boçal do cada vez mais desequilibrado Jair Messias à repórter Patrícia Campos Mello mereceu amplo espaço nos meios hegemônicos de comunicação, os mesmos que se negam a abandonar Paulo Guedes, o ex funcionário de Pinochet que vende o país a troco de nada.

Agora, é preciso ver como esses mesmos meios de comportarão.

Será que ninguém está vendo o que está começando a se desenhar no horizonte escuro? Pode-se até dizer que não dá para saber ao certo o que virá por aí, e que nenhum prognóstico pode ser minimamente positivo.

Mas é inegável que alguma coisa está começando.

E sendo seus protagonistas quem são, é de assustar.


Eric Nepomuceno é jornalista e escritor
Fonte: https://www.brasil247.com