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Para relembrar Cora Coralina

Revendo meus arquivos, encontrei essa foto rara de uma das mulheres mais marcantes da literatura brasileira: Cora Coralina, escritora e poeta, contista. E doceira de mão cheia. Escreveu mais de 60 de livros, todos eles marcados com o pensamento bem atualizado com os tempos. Nasceu em Goiás Velho, em 1889, e faleceu lá mesmo, em 1985. 

Cora Coralina teria, portanto, completado agora no último dia 20 de agosto 131 anos. Seus netos, bisnetos e trinetos lançaram recentemente mais um belo livro com poemas inéditos. Seu verdadeiro nome era Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas.

Fui a Goiás fotografá-la para um perfil na Veja, revista em que trabalhei durante anos. Impressionou-me a simplicidade de sua casa. Ainda reside em minha memória o som vivo e forte de sua voz, rouca e oscilante. Mas firme e inesquecível.

Em suas publicações, você encontra pérolas como essas. Como sempre, ressalta a coragem, a doçura, a força e independência feminina:

“Eu sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores.

Que pretendes, mulher?

Independência, igualdade de condições…

Empregos fora do lar?

És superior àqueles

que procuras imitar.

Tens o dom divino de ser mãe.

Em ti está presente a humanidade!

O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria, se aprende com a vida e com os humildes.

Há muros que só a paciência derruba. Há pontes que somente o carinho constrói.

Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma.

Que pretendes, mulher?

Independência, igualdade de condições…

Empregos fora do lar?

És superior àqueles

que procuras imitar.

Tens o dom divino de ser mãe

Em ti está presente a humanidade!

Se temos de esperar, que seja para colher a semente boa que lançamos hoje no solo da vida. Se for para semear, então que seja para produzir milhões de sorrisos, de solidariedade e amizade.

Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é decidir.

Lindo demais,

coração é terra

que ninguém vê.

Fechei os olhos e pedi um favor ao vento. Leve tudo, que for desnecessário. Ando cansada de bagagens pesadas. Daqui pra frente levo apenas o que couber no bolso e no coração.”


Um dos mais conhecidos e premiados fotógrafos do país, Orlando Brito nasceu em Minas e chegou a Brasília ainda menino, no início de sua construção, em 1956. Fez viagens por mais de 60 países, em coberturas presidenciais, papais e esportivas, como Copas do Mundo e Olimpíadas. Tem seis livros publicados e quatro outros no prelo. Recebeu vários prêmios, entre eles o Press Photo do Museu Van Gogh. de Amsterdã. Onze vezes Prêmio Abril de Fotografia. Bolsa da Fundação Vitae, de São Paulo, em 1991. Várias exposições individuais e obras no acervo de diversos museus do mundo. http://www.orlandobrito.com.br/

Fonte: https://osdivergentes.com.br