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O sonho não acabou e a estrela volta a brilhar

(Considerações de um militante otimista)

“O jogador astuto nunca move a peça que seu oponente espera, e muito menos ainda a que ele deseja”. Baltasar Gracián (1601 -1658). Capítulo: Variar o Modo de Agir.

“Considero seja melhor ser impetuoso do que dotado de cautela”. Nicolau Maquiavel (1469 -1527) Cap. XXI de O Príncipe.

Quadro das Eleições Presidenciais no Acre – (1989/2018)

tabela web

Considerações eleitorais.

Desde a primeira eleição presidencial, em 1989, que o PT disputa o 1º ou o 2º lugar do pleito, tanto na Acre como no Brasil. Foi para o 2º turno com Collor; teve a segunda maior votação nas duas derrotas no 1º turno para FHC e, a partir de 2002, começou a sua trajetória vitoriosa de 4 eleições presidenciais consecutivas. Em cinco, das oito eleições presidenciais, o nome e a foto do LULA estavam na urna eletrônica a disposição do povo brasileiro. Ademais, só não esteve pela 6ª vez disputando o pleito e, com chances de vitória, porque o condenaram e o prenderam sem provas. O golpe de 2016 se consumava com essa ação contra Lula.

As eleições presidenciais aqui no Acre nunca foram fáceis para os candidatos do PT. É bom lembrar que em 2006, quando Lula foi para a reeleição, aqui estávamos no 2º governo bem sucedido do Jorge Viana, elegemos Binho logo no 1º turno e, paradoxalmente, o Lula perdeu para Alckmin no 1º turno. O Jorge quase que dava um “xilique” e, na ocasião, reuniu todo Secretariado exigindo mais empenho no 2º turno. Sou testemunha, ocular e auricular, dessa reunião na qual levamos um pito do Jorge. Conseguimos reverter o quadro no 2º turno. Lula ganhou colocando 13.673 votos na frente do Alckmin, uma vitória apertada como os números registram.

Em 2010 e 2014, a luz amarela se acendeu, alertando o nosso partido aqui no Acre. Na primeira eleição, Dilma perdeu para Serra no 1º e 2º turno e em 2014, perdeu também para Aécio Neves nos dois turnos. Cumpre assinalar que em 2014, Marina Silva, dissidente do PT, foi a candidata presidencial mais votada no Acre, com 167.493 votos (42%).

No último pleito presidencial, de 2018, não quero nem lembrar dessa tragédia política e eleitoral que se abateu sobre o PT do Acre. Fomos soterrados pelos votos e perdemos quase tudo. Estamos ainda lambendo as feridas e tentando dá a “volta por cima” mas, como disse o compositor dessa música, Paulo Vanzoline, mais importante de que a “volta por cima” é reconhecer a queda e não desanimar. Estamos fazendo isso.

Os “tsunamis” que se abateu sobre o PT em 2018 e 2020, dão sinais de arrefecimento. A conjuntura mundial e nacional está mudando e apresentam indícios mais favoráveis ao campo democrático e de esquerda. Lula está livre, leve e solto e na frente, disparado, nas sucessivas pesquisas de intenção de votos. Lula foi inocentado e seu principal algoz, o quinta-coluna, Sérgio Moro, agora seu adversário no pleito presidencial foi considerado Juiz incompetente e parcial pelo Supremo. Em português braçal – um Juiz ladrão.

O que ainda me espanta na conjuntura nacional é o capitão/presidente despontar como 2º colocado nas pesquisas, bem a frente dos demais candidatos, apesar do “desastre ferroviário” do seu governo, como dizia o Mino Carta. Também fico perplexo, que um quadro político experiente e qualificado como Ciro Gomes, com partido nacional (PDT) e experiência como governador e parlamentar ser ultrapassado na pesquisa por um neófito corrupto como o Moro.

Aqui no Acre, o PT está unido e volta a respirar sem aparelhos. O partido oxigenado pela candidatura do Lula se prepara para participar do pleito de 2022, apresentando candidatos majoritários e chapas proporcionais completas. Como dizem no Nordeste: “quanto mais cabras mais cabritos”. Para tanto, o PT/AC, começou nesse sábado (19/02) a discussão de tática e estratégia eleitoral e análise de conjuntura. Nosso Diretório Estadual e Diretórios Municipais reuniram, virtualmente, 97 companheiros de todos o Estado por mais de 5 horas de reunião.

O que é pacífico no PT/AC:

1 – Começar a trabalhar os Comitês Populares de Apoio à Lula por todo Estado. A meta é criar, até abril, em todo país 5.000 Comitês. A intenção é manter esses Comitês para além das eleições. Seria uma rede de apoio para eleger Lula e garantir a governabilidade;

2 – Colocaremos o nosso quadro mais expressivo, Jorge Viana, para a disputa majoritária. Ainda em aberto se será para Governo ou o Senado;

3 – Independente da formação e composição da Federação de partidos, ir trabalhando os quadros e lideranças do PT para comporem as chapas proporcionais para Deputados Estadual e Federal, que sejam competitivas. Nesse momento tão decisivo, espera-se que nenhum militante do partido, que já tiveram cargos e mandatos se esquivem a uma convocação do partido;

Feitas essas considerações, quero externar a minha opinião pessoal, que no meu sentir (como dizem os data-vênia) é a posição que predomina no partido e na sociedade. Nesse momento estou propenso a ser mais ousado como ensina Maquiavel. Defendo a candidatura majoritária de Jorge Viana ao Governo do Estado. As razões:

a) O Jorge está no imaginário do povo como o governador que mudou a história do Acre. Mostrou uma capacidade administrativa no Executivo Municipal de Rio Branco e nos dois mandatos de Governo. Todos sabem o que o Jorge fez e lembram com saudade do seu slogan “O ACRE TEM JEITO”!. Já no Senado, onde também teve uma atuação de destaque, apenas poucos militantes partidários e um nicho muito reduzido da sociedade conhecem o seu desempenho no Parlamento;

b) Considero que uma candidatura ao Governo empolga mais o partido e amplos setores sociais, que podem ser atraídos, pela expectativa de poder. No momento as pesquisas apontam que o Jorge estaria no 2º turno com o atual governador;

c) Por sua vez uma candidatura ao governo, ajuda melhor na construção das chapas proporcionais para concorrer a Assembleia Estadual e a Câmara Federal;

d) O Governo Camelli, a exemplo do tio do mesmo nome, que já governou o Estado, não tem realizações a mostrar. Mas o governo tem se mostrado um bom “maquiador” pintando os prédios públicos e veículos de azul. A sua política habitacional foi construir uma casa de madeira em frente ao Palácio para hospedar Papai Noel pelo Natal. Ademais, sua base de sustentação política está muito fragmentada e o núcleo duro do poder (Governador e vice) num racha e clima de hostilidade, que me parecem irremediáveis. Fidelidade canina ao atual projeto político apenas do ex-comunista, agora no Solidariedade, Moisés Diniz;

e) Agravando o baixo desempenho administrativo, paira sobre o governo fortes indício de corrupção, que estão sendo apurados pela Operação Ptolomeu da PF. Muita gente no 1º escalão do Governo e o próprio Governador, vão precisar de Advogados muito em breve;

f) Pelo nosso campo tem a “força gravitacional” do Lula, mostrando-se favorito em todas as pesquisas, e jogando todas as suas fichas para liquidar a fatura logo no 1º turno. Se essa possibilidade se concretizar, ele se torna um eleitor privilegiado nas eleições dos candidatos do PT e da esquerda que forem ao 2º turno nos Estados;

g) Por fim, o que nos resta fazer é continuar conversando com os companheiros do partido e com a sociedade, manter a nossa coesão interna, acompanhar a conjuntura nacional e o desfecho sobre a Federação partidária e a costura das alianças para eleger Lula e, no momento oportuno, tomar as decisões, coletivamente, sobre candidaturas, suplências e alianças locais para as eleições desse ano.

Desde já é ir preparando o “Kit eleição” (Gelol, querosene e isqueiro Bic) e preparar o corpo e o espírito para uma luta, que vai ser no corpo a corpo de baioneta escalada. Ninguém tenha dúvidas disso!!

O que está em jogo não é apenas uma eleição, mas o processo civilizatório!!


Marcos Inácio Fernandes (Marcão), é Secretário de Formação do PT/DM – Rio Branco - AC