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O remédio na economia e no meio ambiente

O remédio na economia e no meio ambiente

Anos eleitorais já são intensos em debates econômicos e sociais por si mesmos e, mais recentemente, o meio ambiente também ganhou protagonismo. Mas, agora no Brasil, vivemos um período ainda mais desafiador porque foi necessário incluir a defesa da democracia nessa discussão, algo que se pensava superado desde o final da década de 1980.

Proteger a democracia significa defendê-la de todas as ameaças ao sistema que têm sido ventiladas nas mídias sociais com o incentivo e o consentimento do presidente da República, em meio a desemprego e inflação elevados, atividade econômica ainda sem recuperação mais consistente e elevados níveis de desmatamento e emissões. A democracia é fundamental, entre outras razões, porque permite o livre debate de ideias e conduz a consensos e soluções sustentáveis no longo prazo. Como teria dito Churchill, a democracia é o pior regime político, com exceção de todos os demais.

Dessa maneira, sem democracia, não há como lutar pela preservação do meio ambiente, da Amazônia, tampouco por uma economia verde, algo para o qual o Brasil tem vocação e inegáveis vantagens comparativas. Se quisermos ver o país expandir nesse sentido, é preciso defender sobretudo o direito constitucional e irrevogável à liberdade em todas as esferas sociais.

É claro que nenhum país resolverá sozinho a questão das mudanças climáticas, mas é fato indiscutível que o Brasil, que concentra 67% das florestas tropicais do mundo, tem papel fundamental nesse desafio. Para isso, precisamos de uma política externa que não carregue nacionalismo extremado ou assimile teorias de conspiração, alimentando temores despropositais em relação à soberania nacional.

O Brasil somente se tornará um protagonista global e influenciará as discussões globais sobre o clima e o meio ambiente se também mostrar pioneirismo e vanguardismo nas políticas domésticas em relação ao tema. Porém o que se vê neste momento é o país na contramão, com uma postura negacionista de seu governo, que joga fora a oportunidade ímpar de o Brasil liderar a agenda internacional pelo clima.

Nunca é excessivo dizer que o poder de influência global do Brasil somente será exercido em sua plenitude se aqui prevalecer o respeito ao debate democrático e ao conhecimento científico, e não com atitudes autoritárias do tipo “passar a boiada” e posturas pseudocientíficas por parte de integrantes do governo.

De 2020 para cá, quando o mundo foi atingido pela pandemia mais mortal em décadas, vimos o debate sobre preservação ambiental ganhar corpo diante dos sinais inequívocos que a natureza tem dado. Isso é importantíssimo e ainda nos mantém no caminho para reverter ou minimizar os riscos climáticos. Mas também se observa, lamentavelmente, o crescimento do discurso contra as instituições democráticas e os direitos humanos básicos.

Por isso votar nas eleições de outubro próximo a favor de candidatos comprometidos com a democracia é também votar por uma economia sustentável que, ao mesmo tempo, traga maior crescimento e melhor distribuição de renda e a preservação racional do meio ambiente.


Gustavo Loyola é signatário da Convergência pelo Brasil, ex-presidente do Banco Central e sócio da consultoria Tendências

Fonte: https://oglobo.globo.com/