Diante da calamidade que tomou conta do Rio Grande do Sul, tem aflorado o que o brasileiro tem de melhor, a solidariedade. As redes sociais estão inundadas de correntes de socorro, grupos de WhatsApp de amigos e de amigos de amigos engajados em torno de uma causa comum, ajudar o povo gaúcho.
O brasileiro tem sido mais brasileiro em sua essência, a de uma nação que se dá as mãos, que renova os laços que nos unem, que abraça a todos que nasceram, cresceram ou escolheram viver neste país que chamamos de nosso. Não somos apenas o retrato estereotipado da alegria, mas milhões de pessoas que doam tempo e recursos.
Apesar da falta do hábito da filantropia, nosso envolvimento em causas sociais cresce justamente diante de eventos em que as campanhas de arrecadação aumentam na TV, nas redes sociais e ganham apoio de pessoas públicas. Foi assim durante a pandemia de Covid-19, quando avançamos 20 posições e ficamos em 54º no World Giving Index (Índice Mundial de Solidariedade).
Flutuamos no ranking ano a ano, mas não deixamos de nos apresentar se somos requisitados. Em 2022, quando o país registrou 25% das mortes causadas pelas consequências do excesso de chuvas em dez anos, o Brasil ficou em 18º no levantamento. No ano seguinte, despencamos para 89º lugar, quando o número de vítimas e desabrigados diminuiu apesar do aumento de transbordamentos de rios e deslizamentos de terra.
A análise do comportamento solidário no mundo é feita por meio de pesquisa conduzida pela Charities Aid Foundation, que analisa aspectos como doação, voluntariado e participação em atividades. Os índices mostram tendências e particularidades de culturas diversas e serve como ferramenta para incentivar maior participação da sociedade. Aos poucos, percebemos como fazemos diferença quando abraçamos nossos problemas coletivamente.
Tem sido comovente ver como o brasileiro é melhor quando é mais unido.
Mariliz Pereira Jorge, jornalista